Ilustra o estado de fragilidade do ego e suas concomitantes fantasias através de fatos clínicos, representados por fragmentos de sessão, extraídos dos primeiros seis meses de tratamento.

A consciência da mudança psíquica foi expressa de forma narrativa:

ôDe repente, tudo mudou ... parece que sou outra pessoaö. O paciente expressou, nos fragmentos de sessão, algumas fantasias primitivas de aniquilamento provenientes da presença do instinto de morte. Tinha consciência de que gostaria de fazer associações, de estar falando, mas também ficava difícil de ôpuxar algo no escuroö. O paciente mostrou indícios de estar ôacordandoö de um sonho ilusório e irreal, segundo o qual, expressão de uma fantasia inconsciente e de caráter onipotente, era possível viver eternamente. A evolução do processo foi acompanhada através dos fragmentos de sessão até o final do segundo ano de tratamento, à véspera de uma série de exames vestibulares pelos quais passou o paciente. Em suma, houve diminuição da onipotência, com o despertar de fortes sentimentos de responsabilidade e de pesar. A predominância de Eros sobre Tânatos, libera a pulsão de vida e o paciente estabeleceu uma relação de confiança consigo próprio, a qual possibilitou o uso pleno de seus recursos intelectuais e emocionais, com conseqüente aprovação no vestibular e entrada na faculdade de medicina