O sistema social não consegue aliviar a sensação de que se está condenado a morrer mais cedo quando se é pobre; há muitos sentimentos de exclusão e abandono social, uma espécie de orfandade coletiva que traz uma sensação de caos e pânico.

Foram selecionados três casos que elucidam o tema:

uma mãe que havia tentado o suicídio tinha solicitado ao marido que levasse os filhos para vê-la no hospital; um menino quando foi trazido para atendimento psicológico, a criança pedia com muita freqüência os brinquedos da sala e recebia a explicação de que não podia levar os brinquedos para casa, mas que podia brincar com eles sempre que viesse ao atendimento, entendido como ambiente de holding e interpretação; uma adolescente de 15 anos veio para o atendimento porque falava com muita freqüência em se matar, e, ainda, havia abandonado a escola. Descobriu a alegria de existir, compondo músicas e organizando uma banda, experimentando com isso o sentimento de inclusão social , na escola e na família. Concluiu-se que o ambiente de holding e a atenção dispensada através do trabalho interpretativo, foram fatores importantes do tratamento dessas crianças e adolescentes.