Trata-se do caso de uma menina de 11 anos com artrite reumatóide juvenil, poliarticular, de gravidade severa. O atendimento foi realizado no ambulatório de reumatologia infantil do HC-SP, sendo utilizados prontuários, questionário de avaliação funcional, entrevistas, sessões lúdicas, desenho e testes gráficos. A proposta foi descrever o processo de personalização e seus distúrbios. Com fundamento na teoria de Winnicott, foram estudados cinco aspectos: cuidado materno, dependência, identidade pessoal, transicionalidade e integração e dissociação psicossomática, nos quais questões impeditivas ao desenvolvimento pessoal predominaram. O modo cindido do cuidado materno levou a uma paralisação do processo de personalização, não alcançando a criança sua diferenciação numa identidade autônoma. Em função da artrite, a criança apresentava locomoção e sustentação comprometidas, endurencimento e deformação corporais e vivência de dor. A criança apresentou dissociações psicossomáticas acentuadas, especialmente de sua ação, agressividade e espontaneidade, prejudicando a vivência do self.