Entre tramas e dramas: os significados do tratamento para mulheres de camadas populares vivendo com HIV/Aids
Between storylines and dramas: the meanings of HIV/Aids treatment for lower class women

Physis (Rio J.); 20 (3), 2010
Publication year: 2010

O artigo aborda os significados do tratamento para o HIV/Aids. O referencial metodológico é a pesquisa qualitativa, e o campo de estudo, o serviço de um hospital de referência da Baixada Fluminense. O grupo estudado era composto por dez mulheres vivendo com HIV/ Aids, em terapia antirretroviral (ARV).

Os significados do tratamento estão relacionados:

1) ao impacto do diagnóstico; 2) ao momento do tratamento considerando as diferentes fases de convívio com a doença; 3) ao espaço (público e privado) onde se vivem preferencialmente a doença e o tratamento; 4) ao fato de se compartilhar ou não a doença e o tratamento com o parceiro; 5) à busca de outras racionalidades (religião e remédios alternativos) como contraponto às prescrições médicas; 6) ao estabelecimento ou não de um vínculo afetivo com o médico. Há uma inter-relação estreita entre cuidar-se e cuidar dos filhos, tributária do tratamento ARV. O autocuidado é, antes de tudo, afirmação da vida, o que dá a medida da saúde. Não "ceder ao lugar de doente" significa não se entregar à depressão. A doença materializa-se no corpo com o uso da medicação, mas é possível, apesar das dificuldades, conciliar a rotina com o tratamento ARV. Destaca-se a importância fundamental da variável tempo para a criação de estratégias que possibilitem a inserção da doença e do tratamento no cotidiano.
This paper discusses the psychosocial meanings of HIV/Aids treatment, using qualitative methods to assess daily operations of a reference hospital, located in Baixada Fluminense, Rio de Janeiro's outskirts. In-depth interviews were carried out with 10 women living with HIV/Aids, under antiretroviral (ARV) therapy.

The meaning of treatment is related to:

the impact of the diagnosis; the treatment moment, concerning different phases of living with the disease; the public and private spaces where a woman preferable lives with the disease and does her treatment; sharing or not information about the disease/treatment with partner; the search for other rationalities (religion and alternative medicine) as a counterpoint to medical prescriptions; the establishment or not of emotional inlays with the doctor. There is an interrelation of taking care of the kid(s) and taking care of themselves (referring to ARV therapy). Self-care is seen as an affirmation of life. That is what gives the person the measure of health. "Not to let the sick person take place" means keeping away from depression. The disease materializes itself in the body that uses the medication, but it is possible, even it is hard, to conciliate life routine with therapy. We highlight the fundamental importance of time for the creation of strategies that facilitate the insertion of the disease and treatment in daily life.
VIH

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