Medicalização: uma crítica (im)pertinente? Introdução
Medicalization: (ir)relevant criticism?
Physis (Rio J.); 25 (4), 2015
Publication year: 2015
No artigo, interrogamos o conceito de medicalização, explorando as possibilidades abertas pelos escritos de Michel Foucault. A partir desse referencial, buscamos analisar a Medicina enquanto uma estratégia de saber e poder que responde a múltiplos e variados interesses em disputa no campo social. Realizamos breve levantamento sobre algumas concepções centrais concernentes à tradição crítica do fenômeno da medicalização e procuramos, sob a influência dos estudos arqueogenealógicos foucaultianos, repensar algumas dessas afirmações. Dialogamos, complementarmente, com autores que vêm realizando, no Brasil e no exterior, um esforço de reflexão crítica sobre a medicalização, discutindo, entre outros, o uso genérico do conceito, seu caráter produtivo, a inexistência de um sentido a priori e a atualização do fenômeno nos dias atuais através da proposição do conceito de biomedicalização. Concluímos destacando a existência de uma multiplicidade de leituras e formulações sobre o conceito de medicalização, reconhecendo no interior dessas vertentes de conhecimento fortalezas e fragilidades que devem ser amplamente discutidas e analisadas, buscando maior precisão teórica, necessária para se evitar equívocos e potencializar o uso do conceito.
In this article, we argue about the concept of medicalization, exploring the possibilities offered by it visiting Michel Foucault's works. From this framework, we analyzed medicine as a strategy of knowledge and power that responds to a variety of interests. We conducted a brief survey of some central concepts concerning the critical tradition of medicalization. We did also an investigation under the influence of archeologic and genealogic Foucaultian studies. We rethought some of these claims. We also did a dialogue, with Brazilian authors, as an effort of critical reflection on medicalization. We discussed the generic use of the concept, its productive potency, its apriori absence of a meaning and updated the actual medicalization phenomenon by proposing the concept of biomedicalization. We concluded that there is a multiplicity of readings and potencies on the concept of medicalization, recognizing within these concepts its strengths and weaknesses. Medicalization should be more profoundly discussed. It will encourage a greater theoretical precision of the concept, avoid misunderstandings and enhance the concept use and practice.