A utilização do cardioversor-desfibrilador implantável causou grande impacto no tratamento das taquiarritmias ventriculares. Suas indicações têm sido expandidas, sendo que taquiarritmias ventriculares oriundas de diversas cardiopatias podem ser tratadas por estes aparelhos. Na maioria das séries descritas, a cardiopatia isquêmica predomina, com pelo menos a metade dos casos. Não existem estudos que correlacionem os dados de implante com as patologias de base. Com este objetivo, separamos nossa casuística de pacientes em dois grupos: grupo1- cardiopatas isquêmicos (n=14) e grupo 2- cardiopatas não ísquêmicos (n=9). Todos receberam desfibriladores sob anestesia geral, com introdução dos eletrodos por punção de veia subclávia esquerda e implante do gerador na região subpeitoral esquerda ou no abdômen.

Os seguintes dados de implante foram comparados entre os grupos:

captação de onda R, "slewrate", limiar de estimulação ventricular, limiar de desfibrilação, tempo de operação, número de choques recebidos e fração de ejeção. Os grupos 1 e 2 eram semelhantes quanto a idade e sexo. O grupo cardiopatia isquêmica apresentou média superior para a onda R em comparação com o grupo não isquêmico (16,81 Ý 7,20 vs 11,21 Ý 2,80 com p < 0,05). Não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos para as médias das demais variáveis de implante. A análise dos resultados mostrou equilíbrio entre os dois grupos, sendo que apesar das médias de onda R diferirem estatisticamente, esta diferença não se mostrou importante clinicamente. Parece razoável, portanto, concluir que não existe correlação entre a patologia de base e os limiares intraoperatórios, o que não possibilita determinar perfis específicos entre os grupos