Transmissão vertical de doenças: aspectos relativos ao virus da imunodeficiência humana e ao treponema pallidum em Fortaleza, Ceará, Brasil
Mother to child transmission of diseases: aspects to human immunodeficiency virus and treponema pallidum in Fortaleza, Ceara, Brazil

Rev. APS; 12 (2), 2009
Publication year: 2009

O controle da transmissão vertical do HIV e da sífilis congênita pode ser alcançado caso o diagnóstico precoce da infecção seja realizado durante o período de pré-natal, o que enfatiza a importância da rede de atenção primária à saúde no Brasil. O estudo visa descrever aspectos epidemiológicos e operacionais do controle da transmissão vertical do HIV e do Treponema pallidum no Município de Fortaleza. O estudo tem delineamento transversal, com componente descritivo.Os dados foram obtidos a partir das notificações no SINAN, sendo identificadas as mulheres que tiveram partos entre novembro/2003 e novembro/2004 em uma maternidade de referência. Dados demográficos e da assistência pré-natal foram coletados a partir dos prontuários disponíveis na maternidade de referência pesquisada, e procedeu-se à análise da declaração de nascidos vivos. Foram estudadas 31 mulheres com o HIV, com idades entre 16 a 41 anos (mediana,24 anos). A maioria era procedente de Fortaleza (58,1%),tinha de quatro a sete anos de estudos concluídos (41,9%)e era solteira (74,2%). 93,5% realizaram pré-natal (19,4%,seis ou mais consultas), sendo que 35,5% o iniciaram no primeiro trimestre da gravidez. Em 48,4% dessas mulheres, o diagnóstico da infecção pelo HIV foi estabelecido durante a gravidez; 12,9% já eram casos de aids, sendo que 6,5%usavam anti-retrovirais para tratamento. O tempo de início da profilaxia anti-retroviral ocorreu até o segundo trimestre em 71,0%. Entre as 21 mulheres infectadas pelo T. pallidum,a idade variou de 13 a 39 anos (mediana, 25 anos). A maioria era solteira (71,4%), tinha de quatro a sete anos de estudos concluídos (42,9%) e era procedente de Fortaleza (85,7%).71,4% realizaram pré-natal (9,6%, seis ou mais consultas). A idade gestacional de início do pré-natal foi de difícil avaliação: somente em duas (9,6%) a informação estava disponível (15e 20 semanas). 38,1% realizaram VDRL (Venereal DiseaseResearch Laboratories) no pré-natal e 38,1% tinham essa informação ignorada. Das que realizaram VDRL, o número de exames no pré-natal foi de três ou mais em 12,5%; 33,3%tinham VDRL positivo, sendo que, em 42,9% delas, essa informação era ignorada. Em todas as mulheres tratadas para sífilis, o tratamento foi considerado inadequado; em 19,0%não foi realizado e em 42,9% era ignorado. Embora, a princípio,as intervenções para controle da transmissão do HIVe do T. pallidum estejam disponíveis para toda a população de gestantes e seus filhos, as dificuldades da rede de saúde no Brasil em prover diagnóstico laboratorial da infecção, com cobertura insuficiente de mulheres testadas no pré-natal, principalmente nas populações mais vulneráveis, e a baixa qualidade do pré-natal, resultam em uma situação desfavorável para o controle desses agravos à saúde, principalmente em relação à sífilis.
The fact that mother-to-child HIV and syphilis transmission(vertical transmission) control can be reachedwith early diagnosis during the prenatal period, emphasizesthe relevance of the primary health care net. Theobjective of this study was to describe the epidemiologicaland operational aspects of the control of HIVand syphilis vertical transmission in the municipalityof Fortaleza, CE, Brazil. This was a cross-sectionaldescriptive study. Data from SINAN identified womengiving birth in the period from November/2003 throughNovember/2004, in a reference maternity hospital. Demographicand prenatal attendance data were collectedfrom patients` records and the certificates of live birthswere analyzed. Thirty one HIV-positive women, withages between 16 and 41 years (median, 24 years) werestudied. Most women came from Fortaleza (58.1%),had from four to seven years of schooling (41.9%)and were single (74.2%). 93.5% attended prenatal care(19.4% six or more consultations), with 35.5% startingprenatal care in the first trimester of pregnancy. 48.4%had the diagnosis of HIV infection established duringpregnancy; 12.9% were already AIDS cases, and 6.5%were on antiretroviral therapy. 71.0% started antiretrovialprophylaxis by the second trimester. The age of the 21T. pallidum-infected women ranged from 13 to 39 years(median, 25 years). Most came from Fortaleza (85.7%),had from four to seven years of schooling (42.9%) andwere single, (71.4%). 71.4% attended prenatal care (9.6%,6 or more consultations).

Gestational age at the beginningof prenatal care was difficult to evaluate:

only intwo cases (9.6%) was this information available (15 and 20 weeks). 38.1% underwent VDRL (Venereal DiseaseResearch Laboratories) testing in the prenatal period,and 38.1% were not aware of this information. Ofthose who underwent VDRL testing, 12.5% underwent3 or more exams during prenatal care; 33.3% testedpositive; and 42.9% ignored the test result. Treatmentwas inadequate in all treated women; in 19.0% it was notimplemented, and 42.9% had no information about it.Although these control interventions are available forthe whole population of HIV and T. pallidum-infectedpregnant women and their children in Brazil, the difficultyto provide laboratory diagnosis, the insufficientcoverage (mainly of most vulnerable populations) andthe poor quality of prenatal care hamper control ofthese situations, mainly syphilis.

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