A concepção dos profissionais de saúde sobre grupos educativos
Health professionals' views on self-help educational groups
Rev. APS; 15 (4), 2012
Publication year: 2012
A Estratégia Saúde da Família (ESF) é um espaço em que se constroem as relações intra e extrafamiliares. A educação em saúde é uma das estratégias que visa promover o desenvolvimento do conhecimento fazendo com que as pessoas reflitam e busquem o prazer de viver bem, melhorando a sua qualidade de vida e saúde e de sua família. Uma das maneiras utilizadas na ESF para se fazer educação em saúde é em grupos. Esses proporcionam o senso de valorização do indivíduo e a inclusão e a identificação entre os participantes. O objetivo deste estudo foi conhecer a concepção dos profissionais de saúde sobre grupos educativos através de uma abordagem qualitativa, por meio de entrevistas semiestruturadas, aplicadas aleatoriamente em vinte profissionais (médico, enfermeiro e dentista) das ESFs das quatro regiões do Município de Marília. A coleta de dados foi realizada no período de março a maio de 2011. A análise de dados se deu pela técnica de análise de conteúdo, modalidade temática. Os resultados apontaram para diferentes concepções de grupos educativos, na visão da educação em saúde, uma mais voltada para a concepção de reprodução e outra para a de construção. As grandes dificuldades da realização dos grupos educativos apontadas pelos profissionais de saúde estão presentes desde a formação até a execução da prática profissional nos serviços. A concepção de reprodução de educação em saúde dificulta o desenvolvimento da consciência crítica das pessoas. O trabalho em grupo é um processo que possibilitará o desenvolvimento da autonomia da pessoa que, de alguma forma, encontrará o melhor momento e forma de se cuidar. Conclui-se que a dificuldade da realização dos grupos da prática profissional na Atenção Básica em Saúde faz com que se reproduzam comportamentos presentes nos Serviços de Saúde. Por outro lado, os profissionais que tiveram experiências de grupos educativos em sua formação, lidaram melhor com as dificuldades encontradas no seu cotidiano profissional. A formação acadêmica ainda é deficiente, pois deveria preparar os profissionais para conseguirem mudar conceitos e melhorar a qualidade das pessoas neste país.
The Family Health Strategy (FHS) is a space where relationships within and outside the family are built. Health education is one strategy that seeks to promote the development of knowledge so that people reflect on and seek the pleasure of living well, improving their quality of life and health, and that of their families. One of the ways used in the FHS to provide health education is in groups. This provides a sense of affirmation of the individual, and inclusion and identification among the participants. This project aimed to study health professionals? views on self-help educational groups through a qualitative approach, using semi-structured interviews, randomly applied with twenty professionals (doctors, nurses, and dentists) from the FHSs of the four regions of the city of Marilia. Data collection ran from March to May 2011. Data was analyzed using content analysis, in a thematic modality. The results pointed to different perceptions of self-help educational groups, from a health education perspective, one focusing on the concept of reproduction and another on one of construction. The major difficulties noted by health professionals in the functioning of the educational groups are seen beginning with their formation and onward through the execution of professional practice in the services. The reproductive concept of health education hinders the development of the critical consciousness of people. Group work is a process that will enable a person to develop autonomy and to somehow find the best moment and way to take care of his/herself. It is concluded that the difficulty of operating groups of professional practice in Primary Health Care has to do with reproducing behaviors seen in the Health Services system. On the other hand, professionals who have had educational groups experience in their training, coped better with the difficulties encountered in their daily work. The academic training is still lacking, as it should prepare professionals to manage to change concepts and improve the quality of life and health of people in this country.