Diálogo entre profissionais de saúde e práticas populares de saúde
Evaluating the training workshops for a group of community health workers

Rev. APS; 15 (4), 2012
Publication year: 2012

O objetivo desta pesquisa de caráter investigativo e qualitativo foi analisar a inserção de práticas populares de saúde no cotidiano do trabalho de profissionais de saúde egressos de um curso de extensão de ?Práticas Populares de Saúde?, oferecido pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) a profissionais de saúde formados ou em formação. O referido curso faz parte do Projeto de Extensão ?Mapeamento e Catalogação de Práticas Populares de Saúde? e tem o objetivo de trazer os praticantes populares dos bairros mapeados pelo projeto de Extensão à Universidade para que possam fazer a apresentação de suas práticas para estudantes e profissionais de saúde. O curso de extensão Práticas Populares de Saúde da UFSCar tem a intenção de ampliar a visão de profissionais da saúde em relação a saberes populares, possibilitando uma quebra de preconceitos e uma integração entre os saberes acadêmicos, cuja importância é irrefutável, com saberes populares, procurados por grande parte da população. Utilizou-se como referencial teórico a Medicina Alternativa, Medicina Tradicional, Educação em Saúde e Atenção Primária à Saúde.A pesquisa foi realizada em 2010, mediante aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de São Carlos. Primeiramente aplicou-se um questionário para coleta inicial de dados e seleção dos sujeitos a serem entrevistados. Foram respondidos 22 questionários, sendo identificados 12 egressos em exercício profissional. Destes, seis aceitaram a entrevista, sendo dois de cada edição do curso. As entrevistas foram realizadas entre os meses de março e abril de 2010 e seguiram um roteiro que tinha itens que questionavam a referência feita às práticas populares de saúde, a relação das mesmas com o serviço, além das barreiras que dificultam tal relação. A análise de dados levou em conta as respostas dos itens do roteiro. Todos entrevistados relataram que tanto os usuário de seus serviços fazem referências às práticas populares de saúde quanto os próprios entrevistados também têm contato com tais práticas, sendo comum entre eles o incentivo ao respeito a essas práticas nos seus ambientes de trabalho e orientações aos usuários para construção de sua autonomia, a qual passa pelas práticas cotidianas de cuidado. Na relação entre as práticas e o serviço, houve diferentes respostas, desde sua existência, passando por processos de construção dessa relação até a sua não existência. Os entrevistados relatam barreiras que dificultam tal relação, como a formação profissional centrada no cientificismo. Todos apontam que o curso propiciou quebra de preconceitos, sendo que quatro entrevistados apontam que o curso deu um forte apoio para suas relações com tais práticas, e dois, que o apoio foi menos aparente. Por fim, a pesquisa concluiu que é preciso trazer o conhecimento sobre práticas populares de saúde nos espaços da formação básica e na educação permanente em saúde, para que os profissionais possam enfrentar seus preconceitos e se abrirem ao diálogo com as práticas populares de saúde.
The objective of this investigative and qualitative research was to analyze the inclusion of popular health practices in the daily work of health professionals who are former students of the extension course, ?Popular Health Practices?, offered by the Federal University of São Carlos (UFSCar) to trained health professionals or those in training. This course is part of the Extension Project ?Mapping and Cataloging of Popular Health Practices?, and aims to bring practitioners of popular medicine, from the neighborhoods mapped out by the Extension Project, to the University, so that they can present their practices to health students and professionals. The extension course, Popular Health Practices, at UFSCar, intends to expand the vision of health professionals in relation to popular knowledge, allowing a shattering of prejudice and an integration of academic disciplines, whose importance is undeniable, with popular practices sought by a large part of the population. For its theoretical approach, the study drew from Alternative Medicine, Traditional Medicine, Health Education, and Primary Health Care. The research was conducted in 2010, upon approval by the Committee on Ethics in Human Research, Federal University of Sao Carlos. First we applied a questionnaire for initial data collection and selection of individuals to be interviewed. 22 questionnaires were answered, and 12 graduates in professional practice were identified. Of these, 6 agreed to the interview, comprising 2 students from each year of the course. The interviews were conducted between March and April of 2010, and followed a script with items that questioned references made to popular health practices, their relationship with the service, as well as the barriers that hinder such a relationship. The data analysis took into account the responses to the items in the script. All respondents reported that as much as the users of their services make references to popular health practices, the respondents themselves also have contact with such practices, it being common among them to encourage these practices, within the sphere of treatment and guidance, for users to establish their autonomy, which occurs in everyday care practice. Regarding the relationship between the practices and the service, there were diverse answers, ranging from their existence, to covering processes of building this relationship, and further to its non-existence. Respondents reported barriers to this relationship, such as professional training focused on scientism. They all indicated that the course provided a way to overcome prejudices, with four respondents indicating that the course lent strong support to their relations with such practices, and two indicating that support was less apparent. Lastly, the research concluded that it is necessary to bring the concepts of popular health practices into the areas of basic training and continuing education in health, so that professionals can confront their prejudices and open themselves to dialog on popular health practices.

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