Educação popular como método de análise: relações entre medicina popular e a "situação-limite" vivenciada por trabalhadores do movimento dos trabalhadores rurais sem-terra
Popular education as an analysis method: relationships between popular medicine and the "borderline-situation" experienced by the workers of the landless workers' movement

Rev. APS; 15 (4), 2012
Publication year: 2012

A Educação Popular enquanto abordagem metodológica foi utilizada em pesquisa realizada em áreas organizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) no estado do Rio de Janeiro com a finalidade de compreender as concepções acerca do processo saúde-doença-cuidado implicadas no conhecimento sobre plantas medicinais. Utilizaram-se entrevistas semiestruturadas e observação participante a fim de identificar as ?palavras-geradoras? com significado profundo para a compreensão da Medicina Popular praticada pelos Agentes de Cura. Com isso, buscou-se analisar os elementos constituintes desse sistema médico não formal, bem como a percepção do mesmo no interior da ?situação-limite? vivida pelos trabalhadores rurais assentados, e a tentativa de sua superação por eles próprios. Observou-se que a Medicina Popular possui função singular na percepção das relações entre condições de vida e o processo saúde-doença-cuidado. Ao articular questões mais amplas, superando a ênfase na doença em seu plano individual, contempla discussões e intervenções nas necessidades de saúde do grupo em questão. É fundamental para a Saúde Pública buscar compreender as reflexões dos diversos grupos sociais sobre o processo saúde-doença-cuidado e, mais especificamente, sobre os usos dos recursos terapêuticos disponíveis, uma vez que isso influencia consideravelmente as opções terapêuticas feitas. A mediação entre saberes é urgente e delicada. Ampliar os espaços de diálogo entre profissionais e usuários de serviços, além de articular os diferentes conhecimentos, torna-se essencial.
Popular Education as a methodological approach was used in research carried out in areas organized by the Landless Workers? Movement (MST) in the state of Rio de Janeiro in order to understand the concepts of the health-illness-care process involving knowledge about medicinal plants. Semi-structured interviews and participant observations were used in order to identify the ?generative-words? with a profound meaning toward understanding the Popular Medicine practiced by Healing Specialists. Thus, it was possible to analyze the constituent elements of this non-formal medical system, as well as the perception of this system within the ?borderline-situation? experienced by the MST?s settlement workers, and the attempt to cope with it by themselves. It was observed that Popular Medicine has a unique function in the perception of the relationships between living conditions and the health-illness-care process. By articulating the broader issues, going beyond the emphasis on disease at the individual level includes discussions and interventions concerning the health needs of the group. It is crucial to Public Health to attempt to understand the reflections of diverse social groups about health-illness-care process concepts, and more specifically, about the use of available therapeutic resources, because this influences considerably the therapeutic choices taken. Mediation between knowledge areas is urgent and delicate. Expanding the dialogue between professionals and health services users, as well as articulating the different areas of knowledge, becomes essential.

More related