Cirurgia conservadora do trauma esplênico na criança
Conservative surgery of splenic trauma in children

Rev. Assoc. Med. Bras. (1992, Impr.); 40 (2), 1994
Publication year: 1994

O baço é um importante componente do sistema imunológico, sobretudo nas crianças. Nesta faixa etária, a esplenectomia pode resultar em significativo déficit imunológico, devendo ser evitada no tratamento dos traumatismos abdominais. OBJETIVO. Demonstrar a exeqüibilidade e segurança da preservaçäo cirúrgica do baço na criança traumatizada feita por equipes de diferente nível técnico. MÉTODOS. Foram estudadas 139 crianças com idade de 5 meses a 12 anos, atendidas na Unidade de Emergência do Hospital Joäo XXIII, no período de dez anos. Foram analisadas as causas, o tipo da lesäo esplênica e o tratamento efetuado. Choque hipovolêmico ocorreu em 30 por cento dos pacientes. Trauma contuso foi o responsável pela lesäo em 97,2 por cento, com 58,7 por cento causados por atropelamento. Houve 41, 6 por cento de lesöes grau I e II, 30,6 por cento grau III e 26,5 por cento grus IV e V (Injury Scalling Comitee). RESULTADOS. Tratamento näo cirúrgico em dois pacientes e cirurgia em 137, com preservaçäo do órgäo em 98 (71,5 por cento). Esplenorrafia 81 (82,6 por cento), ressecçäo parcial em dez (10,2 por cento) e observaçäo clínica após a laparotomia em sete (7,1 por cento). Hemostasia da superfície cruenta foi feita com pontos separados e retalho de epíploon. Hemorragia pós-operatória ocorreu em apenas um caso (1,02 por cento). Esplenectomia foi realizada em 39 crianças (28,5 por cento, com 75 a 100 por cento de indicaçäo nas lesöes de graus IV e V, respectivamente. Lesöes associadas abdominais e extra-abdominais ocorreram em 87 casos (62,5 por cento). A mortalidade global foi de 10,5 por cento (15 casos), com 13 óbitos devidos a trauma craniano. CONCLUSAO. A cirurgia conservadora do baço é possível em cerca de 70 por cento dos traumatismos esplênicos. O tratamento näo-cirúrgico é seguro, mas exige vigilância constante, preferencialmente em UTI, com controle por ultrasom e/ou tomografia computadorizada. Havendo suspeita de lesöes associadas intra-abdominais, a laparotomia é mandatória

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