Insuficiência renal aguda: estudo do quadro clínico e prognóstico
Acute renal failure. Clinical statement study and prognosis

Rev. Assoc. Med. Bras. (1992, Impr.); 42 (2), 1996
Publication year: 1996

A insuficiência renal aguda orgânica (IRAo) é complicaçao freqüente em pacientes hospitalizados, associando-se a altas taxas de mortalidade. OBJETIVO. Analisar os aspectos clínicos e o quadro anatomopatológico de pacientes portadores de IRAo, bem como determinar fatores de prognóstico. MÉTODOS. Foram estudados, de forma prospectiva, 20O pacientes portadores de IRAo internados durante o período de janeiro de 1987 a julho de 1990. RESULTADOS. A freqüência de IRAo foi de 4,9/1.000 internaçoes. As causas mais comuns foram isquemia renal (50 por cento) e drogas nefrotóxicas (22 por cento).

O diagnóstico anatomopatológico realizado em 43 pacientes revelou:

necrose tubular aguda (53 por cento); degeneraçao) hidrópica tubular (l6 por cento), glomerulopatias (l6 por cento) e outras lesoes (l5 por cento). Tratamento dialítico foi realizado em 50,5 por cento dos pacientes; as principais indicaçoes foram: uremia (l38 vezes, 67 por cento), hipervolemia (45 vezes, 22 por cento), hiperpotassemia (19 vezes, 9 por cento). A taxa de mortalidade foi de 46,5 por cento, sendo as principais causas de óbito: septicemia (38 por cento), insuficiência respiratória (19 por cento) e falência de múltiplos órgaos (11 por cento). Somente dois pacientes (nos quais o tratamento dialítico foi suspenso) morreram por causas ligadas diretamente à insuficiência renal. Houve maior mortalidade entre pacientes oligúricos (62,9 por cento) do que em pacientes nao oligúricos (34,5 por cento) (p<0,05). Pacientes com IRAo isquêmica apresentaram maior mortalidade (56,7 por cento) do que pacientes com IRAo nefrotóxica (14,7 por cento) (p<0,05). Essas diferenças mantiveram-se quando essa comparaçao foi feita apenas entre os pacientes submetidos a tratamento dialítico. CONCLUSAO. As principais causas de óbito nao foram diretamente relacionadas à IRAo. Desta forma, os dados do presente trabalho sugerem que a IRAo é um importante marcador de gravidade de doença de base, e nao um fator determinante do óbito.

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