Aplicaçäo clínica de filtros leucocitários
Clinical applications of leukocyte filters
Rev. Assoc. Med. Bras. (1992, Impr.); 43 (3), 1997
Publication year: 1997
A presença de leucócitos nos produtos hemoterápicos alogênicos transfundidos tem sido associada à ocorrência de determinadas reaçöes transfusionais, tais como a reaçäo transfusional febril näo-hemolítica, a aloimunizaçäo e refratariedade à transfusäo de plaquetas, a doença enxerto-versus-hospedeiro, e a efeitos imuno-modulatários. Além disso, os leucócitos podem ser vetores de transmissäo de agentes infecciosos, tais como o CMV, o HTLV-I/II e o EBV. Tem sido postulado que a remoçäo dos leucócitos em hemocomponentes mediante uso de filtros leucocitários pode prevenir a ocorrência dessas reaçöes. Entretanto, a eficácia clínica da desleucotizaçäo permanece sem definiçäo. Tem sido sugerido que a remoçäo de 1 log(10) de leucócitos previne a reaçäo transfusional näo-hemolítica, a remoçäo de 2 log(10) pode prevenir a transmissäo de viroses, enquanto que a remoçäo de maior ou igual 3 log(10) pode ser necessária para a prevençäo de aloimunizaçäo plaquetária. Entretanto, devido à carência de estudos que analisem apropriadamente as vantagens do uso clínico rotineiro dos filtros, permanecem sem completa definiçäo quais säo as reais indicaçöes clínicas para o uso de hemocomponentes desleucotizados; quais säo os graus de desleucotizaçäo necessários para prevenir as diferentes reaçöes; e se a remoçäo dos leucócitos deve ser realizada antes ou após o armazenamento de hemocomponente. Dessa maneira, somente estudos clínicos prospectivos poderäo definir o custo-benefício da aplicaçäo clínica de filtros leucocitários em hemoterapia.