Diagnóstico de hipertensäo arterial sistêmica: evidências de que os critérios contemporâneos devem ser revistos
Diagnosis of systemic hypertension: evidences that current criteria should be revised

Rev. Assoc. Med. Bras. (1992, Impr.); 43 (3), 1997
Publication year: 1997

Diversos comitês normativos em hipertensäo arterial recomendam considerar a média de várias aferiçöes da pressäo arterial com esfigmomanômetro para diagnosticar hipertensäo. Näo há consenso sobre o número de medidas a serem consideradas. OBJETIVO. Descrever o comportamento da pressäo arterial obtida em três dias diferentes, utilizando-se a média de seis aferiçöes para o diagnóstico de hipertensäo. MÉTODOS. No ambulatório de hipertensäo da Unidade de Farmacologia Clínica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, emprega-se a média de seis determinaçöes, obtidas em três dias diferentes, para diagnosticar e classificar a hipertensäo, exceto nos pacientes com valores muito baixos ou elevados nas duas primeiras aferiçöes. Cinqüenta e oito pacientes foram submetidos a essa rotina. RESULTADOS. As médias das pressöes sistólica (PS) e diastólica (PD) decresceram da primeira à sexta determinaçäo (ANOVA para medidas repetidas: F = 4,45, p = 0,001 para PS e F = 5,54, p < 0,001 para PD). Os pacientes foram divididos em grupos com PS e PD obtidas na primeira aferiçäo superiores e inferiores à média de todo grupo. A diminuiçäo de ambas as pressöes ao longo das seis aferiçöes ficou restrita aos grupos com valores da primeira determinaçäo superiores à média de todo o grupo (ANOVA: F = 8.03; p < 0,0001 para PS e F = 6,33, p < 0,0001 para PD). A regressäo à média e uma reaçäo de alerta inicial säo explicaçöes aventadas para esse fenômeno. CONCLUSÄO. Esses dados demonstram que o diagnóstico de hipertensäo arterial näo deve ser feito com base em uma única aferiçäo e sugerem que a recomendaçäo de diagnosticar hipertensäo severa baseando-se em altos valores das duas primeiras medidas pode classificar erroneamente alguns pacientes.

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