O estudante, o médico e o professor de medicina perante a morte e o paciente terminal
The student, the physician and the teacher of medicine facing death and terminal patients
Rev. Assoc. Med. Bras. (1992, Impr.); 44 (1), 1998
Publication year: 1998
Objetivo. Determinar o perfil do estudante, do médico e do professor de medicina, em um hospital universitário, diante da morte e de pacientes terminais, e identificar possíveis mudanças de comportamento ao longo e após a formaçäo médica. Casuística e Método. Inquérito sobre morte e paciente terminal foi realizado entre 81 estudantes da fase pré-clínica e 139 da fase clínica do curso de medicina, 52 médicos e 54 professores da Faculdade de Ciências da Saúde. Resultados. O interesse pelo assunto foi manifestado por 303 inquiridos (93 por cento); 179 apresentaram dificuldade para tratar da matéria (55 por cento). Apenas 136 procuraram informaçöes sobre o tema (41,7 por cento); 116 tinham dificuldade para encontrá-las (85,1 por cento). Fontes de informaçäo leigas foram as mais utilizadas (61,1 por cento), em detrimento de fontes especializadas (38,9 por cento). Apenas 20 médicos (38 por cento) e 13 professores (24 por cento) discutiram o assunto com pacientes; 47 alunos da fase pré-clínica discutiram com amigos (58 por cento) e 40 com familiares (49,4 por cento); 36 professores debateram com profissionais da área de saúde (66,6 por cento). Pensam, eventualmente, na própria morte 263 entrevistados (80,7 por cento) e, constantemente, 38 (11,6 por cento); 157 sentem medo quando fazem (52,2 por cento). Nunca pensaram na própria morte 11 alunos da fase pré-clínica (13,8 por cento), dez da faze clínica (7,2 por cento) e quatro médicos (7,4 por cento). Antes de iniciar o curso médico, 136 inquiridos tiveram algum contato com cadáver (41,8 por cento). O interesse pelo assunto morte näo se alterou, ou até aumentou, após contato com o cadáver, para 321 (98,5 por cento), ou mesmo após as primeiras necropsias, para 236 (96,3 por cento). Na fase clínica do curso, 111 alunos (79,9 por cento) tiveram contato com pacientes terminais. Conclusöes. Os autores sugerem que a educaçäo formal sobre o assunto nas escolas de medicina, desde o início do curso, bem como a permanente atençäo dispensada ao tema por parte dos profissionais, poderia modificar o comportamento do estudante e do médico, tornando-os mais aptos a lidar com a morte e com o paciente terminal.