Tratamento cirúrgico dos insulinomas: estudo de 59 casos
Surgical treatment of insulinoma: study of 59 cases
Rev. Assoc. Med. Bras. (1992, Impr.); 44 (2), 1998
Publication year: 1998
Após a confirmaçao clínica e laboratorial de hiperinsulinismo, o principal problema consiste na localizaçao precisa da lesao no parênquima pancreático, propiciando tratamento cirúrgico adequado. Objetivo. Analisar os métodos utilizados para o diagnóstico e localizaçao pré e intra-operatório dos insulinomas, bem como as técnicas e os resultados do tratamento cirúrgico. Métodos. Foram estudados 59 casos consecutivos de insulinoma submetidos a intervençao cirúrgica. Cada um dos métodos utilizados para a localizaçao pré-operatória dessas lesoes foi avaliado quanto à sua eficiência em confronto com os achados intra-operatórios. A palpaçao do pâncreas, isoladamente ou associada à ultra-sonografia intra-operatória, como métodos de localizaçao dos insulinomas, foi também estudada. Os tipos de intervençao cirúrgica foram analisados quanto aos seus resultados imediatos e tardios. Resultados. Dos 59 insulinomas, 55 eram benignos e quatro, malignos. Dos métodos utilizados para a localizaçao pré-operatória, a ultra-sonografia foi eficiente em 28,1 por cento dos casos, a tomografia computadorizada em 25 por cento, a ultra-sonografia endoscópica em 27,2 por cento, a arteriografia seletiva em 54,1 por cento e a colheita de amostras de sangue portal para dosagem de insulina em 94,4 por cento dos casos. A palpaçao bidigital, durante a intervençao cirúrgica, localizou as lesoes em 54/55 casos (98,2 por cento). A ultra-sonografia intra-operatória foi decisiva em apenas um caso. Cinco doentes apresentavam neoplasia endócrina múltipla tipo I e em todos as lesoes pancreáticas eram múltiplas. Foram efetuadas 29 enucleaçoes e 32 ressecçoes pancreáticas nos doentes com lesoes benignas. Os doentes com lesoes malignas foram submetidos a ressecçoes pancreáticas e quimioterapia. Nao houve mortalidade, porém observaram-se complicaçoes (fístulas) em 29/59 casos. Os resultados foram bons em 98,1 por cento dos doentes com lesoes benignas. Apenas um dos doentes com lesoes malignas. sobreviveu cinco anos. Três doentes portadores de lesoes benignas e submetidos a ressecçoes pancreáticas evoluíram com diabetes tardiamente. Conclusoes. A localizaçao pré-operatória nao é absolutamente necessária desde que a palpaçao bidigital associada a ultra-sonografia intra-operatória permite a localizaçao de todas as lesoes. As enucleaçoes devem ser utilizadas, quando possível, de preferência às ressecçoes pancreáticas nas lesoes benignas.