Rev. Assoc. Med. Bras. (1992, Impr.); 46 (1), 2000
Publication year: 2000
OBJETIVO:
Estudar a morbidade respiratória nos pacientes com síndrome pulmonar obstrutiva submetidos a cirurgia abdominal alta. CASUÍSTICA E MÉTODO:
Durante o pré-operatório, 196 pacientes candidatos à cirurgia abdominal alta eletiva responderam a um questionário padronizado e logo em seguida realizaram espirometria. Houve acompanhamento no pós-operatório até a alta hospitalar ou óbito. Os pacientes foram divididos em quatro grupos:
27 pacientes com DPOC (diagnóstico de bronquite crônica ou enfisema e VEF1/CVF < 70 por cento), 44 pacientes com diagnóstico de asma (obstrução das vias aéreas desencadeada por estímulos provocatívos) com ou sem alteração da espirometria. Outros 23 pacientes apresentavam o complexo bronquite crônica-enfisema, (quadro clínico sugestivo de bronquite ou enfisema porém com VEF1/CVF maior que 70 por cento). O grupo de 102 pacientes apresentou normalidade do ponto de vista clínico e espirométrico. Considerou-se como CPP: atelectasia com repercussão clínica e ou gasométrica, broncoespasmo que necessitou de tratamento, insuficiência respiratória aguda, ventilação mecânica e/ou entubação orotraqueal prolongada, infecção traqueobronquica e pneumonia. RESULTADOS:
A incidência de complicações foi maior no grupo de pacientes com limitação do fluxo aéreo (32 por cento) em relação aos normais(6 por cento). Ao estudarmos os quatro grupos separadamente, foi observado que os pacientes com DPOC, apesar de apresentaram maior morbidade no pós-operatório, não diferiram dos demais pneumopatas. Complicaram, respectivamente, (DPOC 37 por cento, BE 34 por cento, asma 29 por cento, normal 6 por cento). Os obstrutivos triplicaram seu tempo de permanência no ventilador (média 3,1 e 1,1; respectivamente, com p<0,05). No entanto, não houve diferença em relação ao tempo de permanência na UTI e no tempo total de dias no pós-operatório. CONCLUSÃO:
Os pacientes com limitação do fluxo aéreo apresentaram maior morbidade no pós-operatório de cirurgia abdominal alta. A magnitude deste fator de risco se reflete num risco relativo quase que cinco vezes maior em relação aos pneumopatas com os pacientes normais.