Os autores analisam 159 casos de carcinoma espinocelular da laringe ou da hipofaringe, submetidos a laringectomia total ou faringolaringectomia de janeiro de l978 a dezembro de l987. Destes, 56 apresentaram fistula (35,2%) diagnosticadas entre o 6. e o 45. dia de pos-operatorio (mediana - 11 dias).

A magnitude do efeito dos diversos fatores na incidencia de fistulas foram:

diabete melito (9,28 vezes maior que o risco basal); radioterapia previa (2,35 vezes); fatores nutricionais: emagrecimento (3,10 vezes), diferenca peso esperado/real(1,53 a 4,36 vezes), albumina serica abaixode 3,2 mg% (4,6 vezes); local do tumor primario-laringe x hipofaringe (4,06 vezes); estadio T - T1 -x T3 T4 (4,31 vezes); cirurgia para tratamento do tumor primario (3,55 vezes). Nos casos previamente irradiados houve aumento de risco apenas nos casos irradiados ha menos de 1 ano (risco l0,7 vezes maior que nos irradiados ha mais de 1 ano). Em 33 dos 56 casos com fistula (57,1%) houve fechamento espontaneo; 14 necessitaram correcao cirurgica; nove faleceram antes do fechamento.

Em conclusao:

varios fatores aumentam o risco de fistula (diabete melito, radioterapia previa, desnutricao e extensao da resseccao da mucosa da faringe). Todavia, outras variaveis ( idade,sexo, traqueostomia previa, esvaziamento cervical e fio de sutura) nao foram significativas. A compensacao do diabete e da desnutricao no pre-operatorio e, portanto, obrigatoria. Quanto a radioterapia previa e casos de resseccao extensa de mucosa, deve-se considerar o emprego de tecnicas de fechamento que determinam diminuicao da tensao na linha de sutura, com ou sem o uso de retalhos tais como: retalho deltopeitoral (Bakanjian) ou retalhos miocutaneos