Os autores analisaram 46 doentes portadores de ferimentos hepaticos isolados operados no Pronto-Socorro de Adultos do Complexo Hospitalar do Mandaqui, de janeiro de 1987 a junho de 1990. Trinta e sete eram homens e nove mulheres, com media etaria de 27,8 anos. O agente predominante foi a arma branca em 45,7%; em 41,3%, os projeteis por arma de fogo e em 13% os traumas abdominais fechados. Dois tercos dos doentes apresentavam-se hemodinamicamente estaveis ao exame fisico de entrada. Os diagnosticos foram feitos durante a laparotomia exploradora. As lesoes enquadravam-se na Classes I e II em 40 doentes(87%).Nao havia sangramento ativo em 21 (45,6%) e somente cinco (10,9%) apresentavam hemorragia importante durante o ato operatorio. Ocorreram complicacoes em oito doentes (17,4%) e nao houve mortalidade. Tres pacientes foram reoperados, dois para retirada de compressas de tamponamento e outro por evisceracao. O fato de quase metade dos doentes nao apresentar sangramento ativo e em 10 deles nao haver necessidade de qualquer intervencao no figado durante a laparotomia, questiona a necessidade de intervencao cirurgica para todos os casos e sugere ser possivel o tratamento conservador em casos selecionados, em determinados centros medicos devidamente aparelhados do ponto de vista material e humano