Radioterapia e cirurgia na abordagem do câncer do reto: revisäo de literatura, fatores prognósticos e resultados de tratamento
Radiation therapy and surgery in the approach of the rectal cancer: literature revision, prognostic factors and results of treatment
Rev. Col. Bras. Cir; 25 (2), 1998
Publication year: 1998
O objetivo principal deste estudo foi avaliar os resultados da cirurgia isolada ou associada a radioterapia préoperatória em pacientes portadoresde adenocarcinoma do reto. Foram analisados retrospectivamente 96 pacientes submetidos a cirurgias curativas entre 1972 e 1993. A análise visou, principalmente, comparar as taxas de sobrevida global em cinco anos e de recidiva local. Quarenta e seis pacientes tratados por cirurgias isoladas tiveram taxas de sobrevida em cinco anos e de recidiva local de 51,7 por cento e 26,9 por cento, respectivamente, nos estádios II e III. Cinquenta pacientes submeteram-se a radioterapia pré-operatória na dosagem de 4.500 cGy, em 25 sessões de 180 cGy, com taxas de sobrevida em cinco anos e de recidiva local de 60,8 por cento e 18,2 por cento, respectivamente, nos estádios II e III. As diferenças entre os dois grupos terapêuticos não foram estatisticamente significativas. A análise multivariada demonstrou que o estadiamento da neoplasia, principalmente com relação à presença ou não de linfonodos regionais metastáticos, foi o fator prognóstico mais importante, independentemente do grupo terapêutico analisado. Baseados nos resultados apresentados, discutimos que a indicação da radioterapia em câncer do reto deve ser mais seletiva, com realização de cirurgia imediata em pacientes portadores de tumores retais móveis, mesmo infiltrativos na parede, irradiando no pós-operatório apenas os casos com maior risco de recidiva, de acordo com o resultado do exame anatomopatológico da peça cirúrgica. Pacientes portadores de tumores com mobilidade reduzida em relação às paredes pélvicas devem ser irradiados no pré-operatório com a finalidade de facilitação do ato cirúrgico e diminuição do risco de disseminação de células tumorais no intra-operatório e consequente diminuição das taxas de recidiva local