Câncer do reto médio. Avaliação do procedimento cirúrgico
Cancer of the middle rectum. Surgical procedure assessment
Rev. Col. Bras. Cir; 26 (1), 1999
Publication year: 1999
A conduta no tratamento cirúrgico do câncer do reto médio é ainda controversa. Vários procedimentos cirúrgicos foram avaliados, retrospectivamente, em noventa doentes operados durante o período de fevereiro de 1990 a junho de 1997. Deste total, 43 (47,7 por cento) doentes eram do sexo feminino e 47 (52,3 por cento) do masculino. A idade variou entre 20 e 90 anos, com média de 60,2 anos. Os principais sintomas e sinais foram puxo e tenesmo, hematoquesia e emagrecimento. O tempo decorrido desde o início dos sintomas até o diagnóstico variou de dois a 24 meses, com média de 7,5 meses. A amputação abdômino-perineal do reto foi realizada em 17 doentes (18,8 por cento) e a complicação mais frequente foi a deiscência da ferida perineal, em 47 por cento dos casos. Um doente (1,1 por cento) foi submetido a proctocolectomia total, evoluindo sem intercorrências. A operação de Hartmann foi feita em 26 doentes (28,8 por cento), ocorrendo 7,6 por cento de morbidade e 7,6 por cento de mortalidade, em virtude de complicações clínicas. Em 26 doentes (28,8 por cento), foi realizada ressecção anterior seguida de anastomose. Em dez (11,1 por cento), foi realizada anastomose manual e não houve complicações. Nos outros 16 (17,7 por cento) foi feita anastomose mecânica, havendo três deiscências e um óbito, relacionado a complicações clínicas. Em oito doentes (8,8 por cento), foi realizada ressecção com abaixamento coloanal, ocorrendo 50 por cento de complicações, devido à necrose e à retração do cólon abaixado. Houve apenas um óbito relacionado à complicação cirúrgica. Em 12 doentes (13,3 por cento) não foi efetuada a ressecção do tumor, em decorrência de precárias condições clínicas dos mesmos e falta de critérios de ressecabilidade da lesão. Concluímos que o procedimento cirúrgico adequado no tratamento do câncer do reto médio depende de estadiamento criterioso, considerando o grau de diferenciação celular, a presença de metástase, a condição local do tumor, a situação clínica do doente e a experiência da equipe cirúrgica