Rev. bras. anestesiol; 54 (6), 2004
Publication year: 2004
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS:
Dados estatísticos referentes ao uso de bloqueadores neuromusculares no Brasil são desconhecidos. Este trabalho se propõe a análise estatística desse tópico. MÉTODO:
Foram compiladas 831 respostas de um questionário preenchido em parte por anestesiologistas presentes ao 48° Congresso Brasileiro de Anestesiologia em Recife, 2001 e em parte via Internet, por anestesiologistas cujos endereços eletrônicos constam na página da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (www.sba.com.br). Foram analisados os seguintes dados:
tempo de contato com a especialidade, região onde atuam os anestesiologistas, uso de bloqueadores neuromusculares (BNM) em ordem de preferência, indicações do uso de succinilcolina, uso do monitor da transmissão neuromuscular, critérios para se considerar o paciente descurarizado, uso de neostigmina, forma de administração dos BNM e descrição de complicações observadas. RESULTADOS:
A maioria dos anestesiologistas em questão exerce a profissão há mais de 11 anos e o maior número de respostas foi proveniente da região sudeste do Brasil. O BNM mais empregado é o atracúrio, seguido de pancurônio e succinilcolina. A succinilcolina é mais empregada na indução rápida e em crianças (80 por cento e 25 por cento respectivamente). Monitores da transmissão neuromuscular, 53 por cento dos anestesiologistas nunca usam, e como critério de recuperação, 92 por cento consideram o paciente descurarizado mediante sinais clínicos. Em 45 por cento das vezes os profissionais empregam a neostigmina de forma rotineira, e 94 por cento administra os BNM sob forma de bolus. Cerca de 30 por cento registra ter havido complicação decorrente do uso de BNM. As complicações mais apontadas foram o bloqueio prolongado, o broncoespasmo grave e a curarização residual. CONCLUSÕES:
O atracúrio é o bloqueador neuromuscular mais empregado no Brasil, há percentual alto de uso da succinilcolina em situações não emergenciais, o uso de monitores da transmissão neuromuscular é raro, e, como um corolário, um percentual significativo de uso de critérios eminentemente clínicos para considerar o paciente descurarizado. Registrou-se que, cerca de 30 por cento dos anestesiologistas teve algum tipo de complicação decorrente do uso desses fármacos.