Válvula mecânica em carbono, de disco basculante, com revestimento de material biológico: princípios e desenvolvimento
Carbon mechanical valve, of pivoting disc covered with biological material: principles and development

Rev. bras. cir. cardiovasc; 10 (4), 1995
Publication year: 1995

Introduçao:

após estudo experimental de implante de material biológico e carbono em átrio esquerdo e aorta, foi desenvolvida uma nova prótese, primeira válvula de carbono feita inteiramente no País. A finalidade foi conseguir uma válvula de sistema mecânico durável, de boa aceitaçao orgânica para facilitar a cicatrizaçao a partir do anel e isolar o máximo de material sintético da corrente sangüínea; o objetivo é conseguir menores índices de morbidade e mortalidade, alterando a história natural da prótese mecânica em relaçao a trombose, tromboembolismo, reoperaçoes e menor uso de anticoagulante.

Material e Métodos:

a válvula é do tipo disco basculante perfurado, fabricada em Carbolite (carbono polimérico endurecido).O anel apresenta haste com pino central para guiar e reter a movimentaçao do disco, batente e dois pinos para limitaçao do grau de abertura. O anel tem perfuraçoes para fixaçao do material biológico (pericárdio e veia). O conjunto é colocado entre dois anéis lisos acoplados revestidos de Poliester com aba de sutura externa. O batente tem aspecto denteado, formando plataformas onde se apóia o disco e entre os dentes existe continuidade do revestimento biológico. A prótese é toda revestida, exceto o pino, o disco, as plataformas do batente e a face interna do orifício menor. A prótese foi testada em duplicador de pulso em teste equivalente a dez anos, sem desgaste aparente com disco de carbono e poliacetal. Cada prótese, antes do implante, é testada individualmente durante cinco dias a 1.000 pulsaçoes por minuto com pressao média de 12 cmHg. Entao, é feita limpeza, esterilizaçao, revestimento de material biológico processado em glicerina, montagem e esterilizaçao final em formol ou gás ETO (conservaçao em glicerina). Existem 7 pacientes mitrais em observaçao com tempo médio de 7,8 meses (mínimo de 4 meses e máximo de 13 meses), sendo mantidos com anticoagulaçao oral.

Resultados iniciais:

como o número de pacientes é pequeno, destacam-se apenas algumas observaçoes iniciais: ausência de tromboembolismo, ausência de disfunçao mecânica primária, ocorrência de dois acidentes hemorrágicos maiores e um episódio de trombose em paciente com dois meses de evoluçao, por anticoagulaçao inadequada, com reoperaçao e mantendo a mesma prótese com achado de depósito difuso de fibrina e boa evoluçao após dez meses.

Conclusoes:

os resultados dos testes mecânicos do material e da válvula e os aspectos clínicos iniciais sao favoráveis, devendo-se ampliar a casuística, com proteçao anticoagulante mais efetiva e uniforme nos três primeiros meses. Após três meses, a presença do material biológico e as baixas doses de anticoagulante parecem ser eficientes no controle das complicaçoes pós-operatórias da válvula mecânica, contra a trombose, o tromboembolismo e os acidentes hemorrágicos.

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