Resultado clínico tardio da anuloplastia mitral sem suporte em crianças e adolescentes
Late outcome of unsupported mitral annuloplasty in children and adolescents
Rev. bras. cir. cardiovasc; 11 (4), 1996
Publication year: 1996
O resultado clínico pós-operatório (p.o.) tardio da reconstruçao da valva mitral sem suporte em crianças e adolescentes é analisado através da observaçao de uma série de 70 pacientes operados. Objetivou-se acompanhar a evoluçao clínica tardia após o tratamento de insuficiência mitral pelas técnicas reparadoras nos pacientes em fase de crescimento, avaliar a eficácia, a durabilidade e a reprodutibilidade do procedimento, bem como morbidade e mortalidade nas fases hospitalar e tardia. Consideraram-se, ainda, os resultados em relaçao à etiologia da doença e as causas de falha do método. De 1977 a 1995, foram operados 70 pacientes, sendo 36 casos do sexo feminino e 34 do masculino. A média de idade foi de 12,4 ñ 4,8 anos (6m a l8a). Houve predomínio da etiologia reumática (71,4 por cento) sobre a congênita (l8,6 por cento), a degeneraçao mixomatosa (8,6 por cento) e a infecciosa (l,4 por cento). A classe funcional pré-operatória era II em 32 (45,7 por cento) casos, III em 18 (25,7 por cento) casos e IV em 20 (28,6 por cento) casos. A técnica cirúrgica utilizada foi a anuloplastia simples tipo Wooler isolada em 58 (82,9 por cento) casos e associadas encurtamento de cordoalha em 12 (l7,1 por cento). Em 21 (30 por cento) pacientes foram realizados procedimentos associados. O período de acompanhamento foi de 7 m a 17 anos, no p.o. A mortalidade hospitalar foi 4,3 por cento. Regurgitaçao mitral foi descrita no intra-operatório em 21,4 por cento. Sopro sistólico de regurgitaçao mitral residual foi notado em 35 (49,9 por cento) pacientes, a maioria sem repercussao hemodinâmica. A classe funcional pós-operatória foi I em 73,9 por cento, II em 21,7 por cento e III em 4,4 por cento. As curvas de análise atuarial mostraram aos 5 e l0 anos, respectivamente, probabilidade de sobrevida global de 89 por cento e 79 por cento e estimativa de permanecer livre de eventos cirúrgicos no período de 87 por cento e 61 por cento no grupo total, 88 por cento e 56 por cento no grupo de etiologia reumática e 91 por cento no grupo de etiologia congênita para 5 e lO anos. A insuficiência mitral pode ser tratada efetivamente por anuloplastia sem suporte anular protético, com resultados tardios comparáveis àqueles obtidos por técnicas mais complexas. Isto tem importância no tratamento de crianças e adultos jovens, especialmente no sexo feminino, quando se deseja evitar o implante de próteses mecânicas.