Revascularizaçäo do miocárdio sem circulaçäo extracorpórea com uso de shunt intracardíaco: 12 anos de experiência
Myocardial revascularization without cardiopulmonary bypass, using a temporary intraluminal shunt: a 12 years experience
Rev. bras. cir. cardiovasc; 12 (3), 1997
Publication year: 1997
Os autores apresentam a experiência com a técnica desenvolvida em 1983, na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Säo Paulo, que consiste em substituir a circulaçäo extracorpórea nas operaçöes de revascularizaçäo do miocárdio, por uma derivaçäo (shunt), introduzida na luz da coronária. Este shunt consiste em um pequeno tubo de silicone, flexível, transparente, com diâmetros variando de 1 a 3 mm, que permanece na luz do vaso durante a feitura da anastomose entre o enxerto e a coronária. Esta técnica oferece mais segurança ao paciente, por dispensar o uso da circulaçäo extracorpórea e, conseqüentemente, os seus malefícios, além de evitar isquemia do miocárdio durante a anastomose e mantendo um campo cirúrgico sem sangue, facilitando, assim, a realizaçäo da anastomose. De 1983 a 1995, foram operados 419 pacientes, tendo sido realizados 671 enxertos, dos quais 153 com a artéria torácica interna para as coronárias das faces anterior e inferior do coraçäo. A mortalidade hospitalar foi de 1,43 por cento, com 1,67 por cento de incidência de infarto do miocárdio no intra-operatório. A técnica mostrou ser seguro, sem complicaçöes graves durante o seu emprego. Os pacientes evoluíram bem no pós-operatório imediato, necessitando menor tempo de intubaçäo, menor permanência na UTI ou internaçäo. Em um grupo inicial estudou-se a qualidade das anastomoses, através da cinecoronariografia pós-operatória em um período médio de 24 meses, mostrando uma taxa de enxertos pérvios de 84 por cento. A técnica mostrou ser simples, segura e econômica, além dos benefícios ao paciente, por ser menos agressiva. Com o advento da cirurgia minimamente invasiva, esta técnica traz a contribuiçäo definitiva para maior segurança dos pacientes.