Fatores de risco em operaçöes valvares: análise de 412 casos
Risk factors in cardiac valve surgery: analysis of 412 cases

Rev. bras. cir. cardiovasc; 12 (4), 1997
Publication year: 1997

O tratamento cirúrgico das valvopatias é muito freqüente e sua mortalidade ainda näo se aproxima de zero. Neste estudo, procuramos identificar diversos fatores que poderiam aumentar o risco cirúrgico nestes procedimentos. Para isso, foram analisadas, retrospectivamente, 412 operaçöes valvares realizadas no período de janeiro de 1994 a dezembro de 1995. A média de idade dos pacientes foi de 48,3 anos, com predomínio do sexo feminino (59,3 por cento). Consistiam em reoperaçäo 154 (37,4 por cento) casos e 24 (5,8 por cento) pacientes necessitaram revascularizaçäo miocárdica (RM) associada.

As valvas acometidas foram:

mitral isolada (55,1 por cento), aórtica isolada (27,2 por cento), mitral e aórtica (11,4 por cento), mitral e tricúspide (4,4 por cento), tricúspide (0,7 por cento), mitral aórtica e tricúspide (1,2 por cento). A mortalidade hospitalar geral foi de 8,3 por cento. Apresentaram-se como fatores de risco, relacionados à maior mortalidade, os seguintes: idade superior a 60 anos, presença de fibrilaçao atrial (FA) no pré-operatório, necessidade de troca valvar (impossibilidade de preservaçäo), classe funcional IV da NYHA no pré-operatório, reduçäo da funçao ventricular (FE menor que 0,50), tempo de anôxia miocárdica superior a 75 minutos e tempo de circulaçao extracorpórea (CEC) superior a 120 minutos. Pacientes submetidos a reoperaçäo valvar e aqueles com RM associada apresentaram mortalidade mais elevada (11,7 por cento e 20,8 por cento, respectivamente), mas sem significância estatística. Por outro lado, a valva acometida, sexo, tipo de prótese utilizada nas trocas valvares (biológica ou metálica), número de operaçöes valvares realizadas previamente (nas reoperaçöes), intervalo de tempo entre a última operaçäo e a atual (nas reoperaçöes), e também nas reoperaçöes o fato de ter sido submetido à troca valvar ou cirurgia conservadora previamente nao alteram a mortalidade. Indicaçäo cirúrgica precisa e no momento adequado, controle de arritmias pré-operatórias, novos medicamentos para controle da ICC e melhora da funçäo ventricular, aprimoramento e surgimento de novas técnicas para preservaçäo valvar, e novos mecanismos para suporte hemodinâmico pré, per e pós-operatório sao medidas que podem reduzir ainda mais a mortalidade.

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