Existe lugar para a ventriculectomia parcial esquerda no tratamento da cardiomiopatia dilatada?
What is the place of partial left ventriculectomy in the treatment of dilated cardiomyopathy?

Rev. bras. cir. cardiovasc; 13 (2), 1998
Publication year: 1998

A ventriculectomia parcial esquerda tem sido realizada como alternativa ao transplante cardíaco no tratamento das miocardiopatias. Neste trabalho foi analisada a influência desse procedimento sobre a evoluçao clínica e o comportamento da funçao ventricular em 37 pacientes portadores de cardiomiopatia dilatada.

Métodos:

Os pacientes estavam em classe funcional III (16) ou IV (21) no pré-operatório. A ressecçao parcial do ventriculo esquerdo (VE) foi associada à anuloplastia mitral em 27 pacientes e à substituiçao mitral em 2.

Resultados:

Ocorreram 7 (18,9 por cento) óbitos hospitalares e os pacientes sobreviventes foram seguidos por período que variou entre 2 e 33 meses (média de 16,2 meses). Outros 9 pacientes faleceram durante os primeiros 6 meses de pós-operatório, por progressao de insuficiência cardíaca (5) ou por eventos relacionados à arritmia (4). A sobrevida atuarial foi de 56,7 + 8,1 por cento dos 6 aos 30 meses de seguimento. Através da análise unifatorial e de regressao logística foi identificada relaçao significativa entre o grau de hipertrofia das fibras miocárdicas e o risco de mortalidade após a ventriculectomia parcial, sendo observada sobre vida de 73,6 + 10,1 por cento em 2 anos para os pacientes operados com diâmetro médio de fibras miocárdicas abaixo de 22. Por outro lado, a classe funcional melhorou nos pacientes sobreviventes de 3,5 + 0,5 para 1,7 + 0,9 aos 6 meses de pós-operatório (p<0,001). Além disso, o volume diastólico do VE diminuiu de 523 + 207 para 380 + 148 ml (p<0,001) e a fraçao de ejeçao de VE se elevou de 17,1 + 4,6 para 23 + 8 por cento (p<0,001), enquanto que modificaçoes significativas do índice cardíaco, índice sistólico e das pressoes em território pulmonar foram observadas no 1§ mês de pós-operatório. O estudo sistemático da funçao ventricular documentou a manutençao da melhora da fraçao de ejeçao de VE e dos parâmetros hemodinâmicos por até 2 anos de seguimento, apesar da tendência à elevaçao do volume diastólico de VE.

Conclusoes:

A ventriculectomia parcial esquerda melhora a condiçao clínica e a funçao ventricular de pacientes portadores de cardiomiopatia dilatada por até 2 anos de seguimento. No entanto, a aplicaçao clínica desse procedimento é limitada pela elevada mortalidade observada nos primeiros meses de pós-operatório. Por outro lado, a identificaçao de que alteraçoes intrínsecas da fibra miocárdica estao relacionadas ao prognóstico pós-operatório da ventriculectomia parcial abre novas...

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