A cirurgia da endomiocardiofibrose revisitada
Surgery for endomyocardial fibrosis revisited
Rev. bras. cir. cardiovasc; 13 (2), 1998
Publication year: 1998
Entre dezembro de 1977 e dezembro de 1997, 83 doentes com endomiocardiofibrose (EMF) foram submetidos a decorticaçao endocárdica e substituiçao ou reparo das valvas atrioventriculares. Sessenta e seis (79,6 por cento) eram do sexo feminino e 17 (20,4 por cento) do masculino, variando as idades de 4 a 59 anos (média 31). Trinta e sete (44,5 por cento) pacientes tinham doença biventricular, 34 (41 por cento) apenas do ventrículo direito e 12 (14,5 por cento) apresentavam EMF limitada ao ventrículo esquerdo. Todos estavam na classe funcional III ou IV da classificaçao da New York Heart Association. Sessenta e oito (81,9 por cento) pacientes sobreviveram à operaçao e foram seguidos por período de tempo que variou de um mês a 17 anos. O tempo total de seguimento foi de 6.290 pacientes meses (média: 92 meses). Houve 15 óbitos tardios, mas em 6 a causa nao esteve relacionada à doença de base. Quatro (5,8 por cento) doentes apresentaram recidiva da fibrose e foram reoperados; em 6 (8,8 por cento) apareceu fibrose no outro ventrículo. Cinco (7,3 por cento) pacientes foram reoperados, seja para retroca de prótese valvular, seja para substituir a valva preservada na primeira operaçao. Somente 24 (45 por cento) dos atuais 53 sobreviventes estao em classe funcional I ou II. A curva de sobrevida actuarial, incluindo a mortalidade operatória, revelou que a probabilidade de sobrevida, 17 anos após a operaçao, é de 55 por cento. Conclui-se que o tratamento cirúrgico da EMF deve ser considerado um procedimento paliativo porque a operaçao nao impede a progressao da doença. Mesmo assim a operaçao é recomendada em pacientes com EMF e sintomas de insuficiência cardíaca, visto ser a única forma de tratamento.