Rev. bras. cir. cardiovasc; 17 (3), 2002
Publication year: 2002
INTRODUÇÃO:
mediastinites pós-esternotomia para cirurgia cardíaca não são freqüentes (0,2 por cento a 5,0 por cento), porém, quando surgem, se tornam potencialmente graves. Mesmo com o diagnóstico e tratamento precoces, o prognóstico não é bom, sobretudo se houver sepse e outros agravos à saúde associados. OBJETIVO:
rever a casuística de casos de mediastinite. MÉTODO:
foram analisados os prontuários de 2.272 pacientes submetidos à cirurgia cardíaca entre 1991 e 2000. Todas as operações foram realizadas através de esternotomia mediana longitudinal e circulação extracorpórea no Hospital João XXIII / Instituto de Cirurgia Cardiovascular da Paraíba de Campina Grande (Paraíba). RESULTADOS:
a mediastinite ocorreu, em média, 10 dias após a cirurgia, num total de 37 (1,6 por cento) casos, com taxa de letalidade 21,6 por cento (n=8). A maioria (n=19; 51,4 por cento) dos casos foi em pacientes submetidos a revascularização do miocárdio, seguidos pelos procedimentos valvares (n=13; 35,1 por cento), correções de cardiopatias congênitas (n=4; 10,8 por cento) e aneurisma de aorta ascendente (n=1; 2,7 por cento). Vários fatores de risco foram identificados (obesidade, tempo de permanência hospitalar prolongado, diabetes mellitus, tabagismo, reoperações e cirurgias de emergência), especialmente a permanência (por mais de 72 horas no pré-operatório) em unidade de terapia intensiva. A cultura do exsudato foi positiva em 35 (94,6 por cento) dos 37 pacientes, sendo o Staphylococcus aureus o patógeno mais observado em 17 (48,6 por cento). CONCLUSÕES:
a freqüência de mediastinite pós-cirurgias cardíaca, com esternotomia associada, é semelhante à descrita na literatura, não tem diminuído no decorrer dos anos, por isto continua representando um desafio para os cirurgiões e equipes, apesar do arsenal diagnóstico e terapêutico atuais