Nova abordagem técnica e eletrofisiológica para tratamento da fibrilação atrial
New technical and eletrophysiological approach for atrial fibrillation treatment

Rev. bras. cir. cardiovasc; 19 (2), 2004
Publication year: 2004

A cirurgia do "Labirinto" para tratamento da fibrilação atrial primária, inicialmente proposta por Cox, é relativamente complexa e aumenta o risco de morbidade próprio da cirurgia da valva mitral isoladamente.

OBJETIVO:

Apresentar o detalhamento técnico, os conceitos de eletrofisiologia adotados e os resultados iniciais de nova abordagem cirúrgica e eletrofisiológica, incluindo o bloqueio de macrocircuitos atriais específicos definidos por Frame, e otimizando a tática cirúrgica de tratamento da fibrilação atrial.

MÉTODO:

Foram operados oito pacientes portadores de fibrilação atrial crônica e disfunção de valva mitral, associada à disfunção de valva tricúspide em um paciente, empregando-se as seguintes modificações principais da cirurgia de Cox: 1- Exclusão da aurícula esquerda por sutura interna, na junção com o átrio esquerdo; 2- Exclusão de aurícula direita por sutura em bolsa de fixação da cânula de drenagem venosa para a veia cava superior; 3- Incisão biatrial única; 4- Eletrocauterização transendocárdica no tecido atrial esquerdo circunjacente aos óstios das veias pulmonares; 5- Substituição das incisões e suturas no átrio esquerdo por eletrocauterização transendocárdica.

RESULTADOS:

O tempo de circulação extracorpórea variou de 64 a 133 min (média de 107,5 min) e o tempo de cardioplegia de 40 a 105 min (média de 76,7 min). Ao final da cirurgia, todos os pacientes estavam em ritmo atrial regular. O pós-operatório transcorreu sem complicações cirúrgicas e todos os pacientes receberam alta hospitalar em ritmo atrial regular. Em nenhum paciente foi necessário o implante de marcapasso definitivo. No seguimento ambulatorial, seis meses após a cirurgia, seis (75 por cento) pacientes mantiveram o ritmo atrial com as contrações atriais regulares, e dois apresentaram fibrilação atrial, clinicamente controlada (NYHA II). Também não ocorreram complicações embólicas nem evidência de trombose no controle ecocardiográfico.

CONCLUSÃO:

Pode-se concluir, como experiência inicial, que a abordagem eletrofisiológica e a técnica empregada otimizaram o tratamento cirúrgico da fibrilação atrial, possibilitando a correção de lesões valvares mitrais e tricúspide sem morbidade adicional.

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