Estratégia para o tratamento cirúrgico das anomalias da conexäo ventrículo-arterial com comunicaçäo interventricular
Strategy for the surgical treatment of the anomalies of ventriculo-arterial connections with intraventricular septal defects
Rev. bras. cir. cardiovasc; 4 (2), 1989
Publication year: 1989
Designamos anomalias da conexao ventrículo-arterial toda a conexao que difere daquela de um coraçao normal. Dentro desta abordagem, nao utilizamos os termos ventrículo direito ou esquerdo com dupla via de saída, Taussig-Bing e transposiçao das grandes artérias, quando estes estao associados a uma comunicaçao interventricular. Nestas anomalias, o objetivo da correçao é o de conectar o ventrículo esquerdo com a aorta e o ventrículo direito com a artéria pulmonar. A estratégia que escolhemos é baseada na hipótese de que a correçao mais simples é aquela que nao exige a utilizaçao de um tubo protético, a transferência de coronárias, ou a septaçao complexa da cavidade ventricular. Baseados na experiência de 162 correçoes para as anomalias da conexao ventrículo-arterial, em uma série de 197 pacientes, utilizamos três tipos de correçao anatômica: a correçao intraventricular (tunelizaçao ventrículo esquerdo-aorta) em 35 pacientes, o REV (tunelizaçao ventrículo esquerdo-aorta associada a translocaçao do tronco pulmonar sobre o ventrículo direito) em 78 pacientes, e a operaçao de Jatene associada ao fechamento da comunicaçao interventricular em 49 pacientes. O tipo de correçao ideal é a correçao intraventricular, na qual a simples tunelizaçao ventrículo esquerdo-aorta estabelece uma conexao ventrículo-arterial normal. Ouando a correçao intraventricular nao é possível, nós indicamos o REV em presença de estenose pulmonar e a operaçao de Jatene na ausência desta. A questao principal é saber quando uma correçao intraventricular é realizável. A realizaçao desta é funçao da distância entre a valva tricúspide e a valva pulmonar. Se esta distância é suficientemente grande (igual ou superior ao diâmetro do orifício aórtico), o túnel intraventricular é realizável; se nao, outra modalidade de correçao é indicada. Nossa experiência atual sugere que a exploraçao pré-operatória das distâncias entre a valva tricúside e as válvulas semilunares é um critério essencial para a escolha da correçao apropriada para as anomalias da conexao ventrículo-arterial associadas a uma comunicaçao interventricular. Esta estratégia nao se opoe às outras classificaçoes usuais, baseadas na posiçao das grandes artérias, ou na situaçao da comunicaçao interventricular, e ela nos fornece informaçoes precisas quanto à possibilidade de realizar uma correçao intraventricular.