Cirurgia de revascularizaçäo no infarto agudo do miocárdio
Revascularization surgery in acute myocardial infarction

Rev. bras. cir. cardiovasc; 5 (1), 1990
Publication year: 1990

O tratamento do infarto agudo do miocárdio conta, hoje, com um leque de opçoes terapêuticas, sempre com o objetivo de reduzir o dano ao ventrículo esquerdo, Dentre as possibilidades, a revascularizaçao cirúrgica encontra seu lugar, ligado, principalmente, à reperfusao após trombolíticos e às complicaçoes da angioplastia. No Instituto do Coraçao da Santa Casa de Ribeirao Preto, no período de julho/87 a julho/89, foram realizadas 262 cirurgias de revascularizaçao do miocárdio, sendo 23 (8,7 por cento) na fase aguda do infarto. Destes, 19 eram homens e quatro mulheres, com idade entre 42 e 75 anos, média de 58,5.

A indicaçao cirúrgica compreendeu:

persistência da dor em 15 (65 por cento) ocasioes, artéria reaberta após trombolítico em cinco (22 por cento), artéria reaberta espontaneamente em dois (9 por cento) e comprometimento multiarterial em um (4 por cento).

Os fatores associados à precocidade do procedimento cirúrgico foram:

ATP complicada com espasmo e oclusao arterial em oito pacientes, uso prévio de trombolítico em sete, ATP sem sucesso em quatro, arritmia cardíaca em dois e choque cardiogênico em um. A localizaçao do IAM ao ECG foi de parede anterior em 14 (60,8 por cento) casos e parede inferior em nove (39,2 por cento). Em 18 (78,4 por cento) havia presença de onda Q e, nos restantes, ausência. A dosagem de enzimas (CKMB) variou de 15 a 104 U, média 58,7 U. A cineventriculografia demonstrou lesao isolada da artéria do IAM em nove (39,1 por cento) pacientes, lesao da artéria do IAM + lesao de outras artérias em oito (34,7 por cento), lesao da artéria do IAM + infarto prévio de outra área em três (l3 por cento) e obstruçao total da artéria do IAM + lesao de outras artérias em três (l3 por cento) casos. O período de tempo entre o início da dor e a cirurgia variou de duas horas a duas semanas, média 4,6 dias. O número de pontes, mamária ou safena, por paciente foi, em média, de 1,7. A proteçao miocárdica foi realizada com hipotermia leve e soluçao cardioplégica cristalóide. A anoxia miocárdica variou de 14 a 50 minutos (M = 16,3 minutos). As condiçoes hemodinâmicas após a saída de perfusao foram boas, exceto em três pacientes que apresentaram baixo débito, sendo necessária intervençao da circulaçao assistida por um período maior, associada a drogas inotrópicas. Quanto à evoluçao pós-operatória, 10 (43,4 por cento) pacientes apresentaram algum tipo de complicaçao, três (l3 por cento) pacientes foram a óbito, sendo um relacionado a causa cardíaca, síndrome de baixo débito e os outros dois, a complicaçoes neurológica e pulmonar. A abordagem cirúrgica na fase aguda do infarto do miocárdio vem aumentando. Na mesma proporçao, há um incremento de morbidade e mortalidade da cirurgia de revascularizaçao. A escolha do paciente a ser operado nesta fase é fundamental e os cuidados no pós-operatório devem ser redobrados.

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