Resultados da cardiomioplastia no tratamento da cardiomiopatia dilatada
Results of cardiomyopathy in the treatment of dilated cardiomyopathy

Rev. bras. cir. cardiovasc; 6 (2), 1991
Publication year: 1991

A cardiomioplastia tem sido proposta como uma alternativa ao transplante cardíaco no tratamento das cardiomiopatias isquêmicas ou dilatadas. No período de maio de 1988 a outubro de 1990, 16 pacientes portadores de cardiomiopatia dilatada foram submetidos à cardiomioplastia no Instituto do Coraçao. Dez pacientes estavam em classe funcional III e seis em classe IV. Nao houve óbitos no período de pós-operatório imediato. O tempo médio de seguimento foi de 16,9 + 2,5 meses e a sobrevida atuarial foi 74 por cento no 1( ano e 64,8 por cento no 2( ano após a cardiomioplastia, sendo influenciada pela má evoluçao dos pacientes operados com diâmetro de ventrículo esquerdo maior do que 80 mm. Esses valores foram superiores, contudo, à sobrevida de um e dois anos de 39,5 e 29,6 por cento, respectivamente, apresentada pelo grupo controle de 20 pacientes mantidos clinicamente (p = O,06). Cinco dos ll pacientes em seguimento após a cardiomioplastia, retornaram à classe funcional I e seis estao em classe II. Aos seis meses de pós-operatório, foi documentada a elevaçao da fraçao de ejeçao do ventrículo esquerdo de 20,1 + 3,8 para 26 + 7,8 por cento pelo estudo radioisotópico (p < O,01), sendo que esse parâmetro se alterou principalmente em pacientes com menor dilataçao da câmara ventricular esquerda. A Doppler-ecocardiografia mostrou que o encurtamento segmentar do ventrículo esquerdo se elevou de 12 ñ 3,1 para 17,8 ñ 2,3 por cento (p < O,01), enquanto que o volume sistólico aumentou de 23,6 ñ 5,2 para 32,3 ñ 7,9 ml (p < O,01). Elevaçoes semelhantes do índice sistóiico, associados à queda da pressao em território pulmonar, foram também observadas pelo cateterismo cardíaco. O estudo ergoespirométrico documentou o aumento do consumo máximo de oxigênio de 14,9 ñ 3,9 para 18,2 ñ 3,4 ml/kg/min (p < O,O5). Um ano e aos 18 meses após a operaçao, as alteraçoes decorrentes da cardiomioplastia permaneceram essencialmente as mesmas. Em conclusao, a cardiomioplastia melhora a funçao ventricular esquerda, reverte o quadro congestivo e melhora a sobrevida de pacientes portadores de cardiomiopatia dilatada. Fatores como a existência de grande cardiomegalia podem, contudo, influenciar a evoluçao tardia dos pacientes submetidos a este procedimento.

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