Desempenho tardio das biopróteses valvulares porcinas
Late performance of porcine valvular bioprosthesis
Rev. bras. cir. cardiovasc; 7 (1), 1992
Publication year: 1992
O objetivo deste trabalho foi o de estudar o desempenho tardio das biopróteses porcinas, modelo Carpentier-Edwards, com ênfase a todos os eventos mórbidos e/ou letais que pudessem estar relacionados à presença da bioprótese. Foram estudados 100 pacientes consecutivos submetidos a substituiçao de valva mitral e 100 pacientes consecutivos submetidos a substituiçao de valva aórtica. O seguimento médio dos pacientes foi de 93 meses para pacientes submetidos a substituiçao da valva mitral e de 62 meses para os pacientes submetidos a substituiçao de valva aórtica. Aproximadamente, 80 por cento dos pacientes permaneceram vivos ao longo do seguimento. As curvas de sobrevida dos pacientes submetidos a substituiçao de valva mitral e dos pacientes submetidos a substituiçao de valva aórtica demonstram um descenso inicial em razao da mortalidade hospitalar e, a partir daí, as curvas se estabilizam, voltando a ter outro descenso a partir dos cinco a seis anos da cirurgia, provavelmente em razao da alta incidência de degeneraçao estrutural nesse período. Os pacientes que necessitaram reoperaçao para substituir a bioprótese que sofreu deterioraçao estrutural tiveram mortalidade maior do que aqueles que nao necessitaram reoperaçao. Entretanto, essa diferença nao teve significância estatística. A mortalidade relacionada à presença da bioprótese foi de aproximadamente 5 por cento, tanto nos portadores de bioprótese em posiçao mitral, quanto nos portadores de bioprótese em posiçao aórtica. Entre os pacientes que receberam implante da bioprótese em posiçao mitral, 22 necessitaram reoperaçao para substituir a bioprótese, sendo que a incidência de reoperaçao foi maior nos pacientes que tinham menos de 35 anos de idade na ocasiao da primeira operaçao. Vinte e dois pacientes submetidos a substituiçao de valva mitral necessitaram reoperaçao, enquanto que apenas sete pacientes submetidos a substituiçao de valva aórtica necessitaram reoperaçao. As complicaçoes trombo-embólicas foram raras com o uso das biopróteses, apesar dos pacientes nao terem recebido anticoagulaçao oral sistêmica.
Concluímos que:
1) o uso das biopróteses por cinas tipo Carpentier-Edwards, em nosso meio, apresentou resultados clínicos satisfatórios, com mortalidade hospitalar e tardia semelhante à de outros grupos e também semelhante àquela quando outros substitutos valvulares sao empregados; 2) a deterioraçao estrutural é um evento marcante para os pacientes portadores dessas biopróteses, e começa a ocorrer basicamente a partir de seis a sete anos após o implante; 3) a deterioraçao estrutural da bioprótese modifica o destino dos pacientes, motivando a reoperaçao para substituir a bioprátese implantada. Entretanto, a ocorrência desta reoperaçao nao aumenta, significativamente, a mortalidade.
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