Tratamento anticalcificante de bioprótese: resultado clínico inicial
Anti-calcification treatment of bioprosthesis: clinical initial results

Rev. bras. cir. cardiovasc; 7 (2), 1992
Publication year: 1992

O resultado clínico das trocas valvares com o uso de bioprótese é satisfatório do ponto de vista hemodinâmico e da baixa incidência de tromboembolismo, proporcionando uma qualidade de vida adequada. A durabilidade, principalmente em crianças e jovens, tem sido a principal desvantagem. Embora vários tratamentos tenham sido divulgados como o remédio eficaz contra a caicificaçao, os resultados das biopróteses de primeira, segunda e terceira geraçao sao os mesmos. Este trabalho analisa os resultados clínicos iniciais das trocas valvares utilizando a bioprótese porcina Biocór tratada, usando-se uma nova metodologia múltipla de modo ase obter uma ligaçao covalente duradoura do agente anticalcificante ao tecido. Os resultados convincentes obtidos na experimentaçao animal, a qualidade da análise toxicológica e a necessidade de um substituto valvular biológico determinaram este estudo clínico em 55 pacientes, nos quais foram implantadas 66 biopróteses. De fevereiro de 1991 a março de l992, receberam esta nova bioprótese 28 pacientes do sexo masculino e 27 do sexo feminino. A idade variou de 11 a 68 anos. A idade média foi de 26,6 anos. As médias das idades foram de 25,5 ñ 3,6 para os pacientes do sexo masculino e 27,9 ñ 4,8 para os do sexo feminino; 72,7 por cento ñ 11,8 dos pacientes pertencem ao grupo etário de até 30 anos. A etiologia foi essencialmente reumática em 70,9 por cento ñ 12,0. O ritmo sinusal predominou em 70,9 por cento e a classe funcional pré-operatória foi de 40,0 por cento ñ 12,9 e de 52,7 por cento ñ 13,2 para a classe III e IV, respectivamente, da NYHA. Esses 55 pacientes (pts) foram submetidos a troca aórtica (16 pts = 29,1 por cento ñ 12,0); mitral (28 pts = 50,1 por cento ñ 13,21) e dupla troca (ll pts = 20,0 por cento ñ 10,6). A técnica cirúrgica foi a convencional, usando-se oxigenador nacional de bolhas, cardioplegia cristalóide e pontos em U sub-anulares. Nao houve complicaçoes relacionadas à nova bioprótese per si. A mortalidade hospitalar foi 3,6 por cento ñ 4,9 (2 em 55 pts). A maioria dos pacientes encontra-se em classe funcional I e II. O seguimento desses pacientes é feito trimestralmente, através de exame clínico, ecodopplercardiografia e análises sangüíneas. Durante esse período de 13 meses de seguimento, nao foi detectada nenhuma alteraçao decorrente do uso desta nova bioprótese. Embora o tempo de seguimento tenha sido curto, pode-se observar que a natureza do tratamento químico realizado na bioprótese foi bem tolerada. A luz dos resultados experimentais satisfatórios na obtençao de um tratamento que atenue a calcificaçao, prolongando a durabilidade, os autores justificam a necessidade de estudos controlados na busca do substituto valvular ideal.

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