Limitaçöes da cardiomioplastia no tratamento das cardiomiopatias
Cardiomyoplasty limitations in the treatment of cardiomyopathies

Rev. bras. cir. cardiovasc; 7 (2), 1992
Publication year: 1992

A cardiomioplastia melhora a funçao ventricular esquerda e a sobrevida de pacientes portadores de cardiomiopatas severas. O objetivo deste estudo é identificar os fatores que influenciaram os resultados da cardiomioplastia em 22 pacientes operados entre maio de 1988 e dezembro de 1991. Todos os pacientes estavam em classe funcional III ou IV, apesar do uso de terapêutica clínica otimizada. Dezoito pacientes tinham diagnóstico de cardiomiopatia idiopática, a cardiomiopatia era chagásica em 2 e isquêmica em 2. Nao houve óbitos no período pós-operatório imediato e os pacientes foram seguidos por um período médio de 20,5 meses. Nove pacientes faleceram tardiamente e a sobrevida atuarial foi 76,1 por cento no primeiro ano e 63,8 por cento no segundo ano de seguimento. Seis pacientes estao, atualmente, em classe funcional I, e 7 em classe II. A mortalidade e a manutençao dos sintomas, no primeiro ano pós cardiomioplastia, foi relacionada a ocorrência de tromboembolismo pulmonar e a progressao da insuficiência cardíaca em pacientes com alteraçoes isquêmicas do enxerto muscular, no pós-operatório imediato (pico de liberaçao plasmática da creatinoquinase > 1500 U.I.) (p=O,O3). Paralelamente, a elevaçao da fraçao de ejeçao do ventrículo esquerdo, documentada aos seis meses de seguimento, foi mais importante em pacientes que apresentaram valores menores de liberaçao da creatinoquinase após a operaçao(p=O,O2). Já o tamanho da cavidade ventricular esquerda pareceu influenciar a variaçao da fraçao de ejeçao apenas quando foram retirados da análise os pacientes com comprometimento importante do enxerto muscular (p=O,O6). Apesar de nao ter havido influência da classe funcional pré-operatória sobre esse parâmetro e sobre a evoluçao clínica, no primeiro ano de seguimento, os pacientes operados em classe funcional IV apresentaram uma sobrevida, no segundo ano de pós-operatório, significativamente inferior à dos pacientes operados em classe III (33,3 por cento versus 78,1 por cento, p=O,O4). Em conclusao, a melhora da funçao ventricular esquerda e a melhor evoluçao clínica após a cardiomioplastia podem ser limitadas pela ocorrência de lesao isquêmica do enxerto muscular. A condiçao clínica pré-operatória, bem como o grau de dilataçao das câmaras ventriculares, sao, também, fatores importantes para o sucesso deste procedimento no tratamento das cardiomiopatias.

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