A insuficiência da valva aórtica na dissecçäo crônica da aorta proximal: troca ou reconstruçäo valvar?
Aortic valve insufficiency in chronic dissection of proximal aorta: valve replacement or reconstruction?
Rev. bras. cir. cardiovasc; 8 (2), 1993
Publication year: 1993
Com o objetivo de avaliar os resultados clínicos e ecocardiográficos tardios obtidos com a correçäo da insuficiência aórtica decorrente da dissecçäo crônica da aorta proximal, foram estudados 48 pacientes consecutivos operados entre janeiro de 1980 e dezembro de 1989, separados em 2 grupos de 24 pacientes cada. Grupo A - pacientes nos quais a valva aórtica foi preservada pela "resuspensäo comissural"; Grupo B - pacientes nos quais a valva aórtica foi substituída. Na avaliaçäo ecocardiográfica pré-operatória, os pacientes do Grupo B apresentavam grau de insuficiência aórtica, diâmetros ventriculares (sistólico e diastólico) e da aorta ascendente significativamente maiores do que os do Grupo A (p=0,03), sendo comparáveis nos demais parâmetros. A mortalidade hospitalar foi 12,5 por cento no Grupo A e de 4,17 por cento no Grupo B e a sobrevida aos 7 anos, respectivamente, 75,75 por cento + ou -9,82 por cento e 82,72 por cento + ou - 7,87 por cento (NS). A avaliaçäo clínica mostrou que, no pós-operatório, houve melhora significativa (p<0,001) e semelhante dos parâmetros dos dois grupos. A comparaçäo ecocardiográfica pré e pós-operatória tardia mostrou, da mesma forma, reduçäo importante dos diâmetros sistólico e diastólico do ventrículo esquerdo e no diâmetro da aorta (p<0,05), mantendo-se inalteradas as fraçöes de encurtamento e de ejeçäo ventriculares nos pacientes dos dois grupos. Nos pacientes do Grupo A, entretanto, houve persistência de insuficiência aórtica residual (p=0,03). Os autores concluem que, com as duas técnicas empregadas, o tratamento cirúrgico da dissecçäo da aorta ascendente com insuficiência aórtica associada permite sobrevida imediata e tardia satisfatórias e nítida melhora funcional. Nos pacientes do Grupo A, a insuficiência aórtica residual detectada à ecocardiografia näo produziu sintomas ou repercussäo hemodinâmica tardios e, desta forma, preconizam a preservaçäo da valva, sempre que tecnicamente possível.