Muitos fatores relacionados à percepçao subjetiva de esforço (P.E.) e aos efeitos deletérios da desnutriçao (DNT) no crescimento, desenvolvimento e performance das crianças têm sido estudados. No entanto, a relaçao entre estes dois aspectos da aptidao física nao tem sido suficientemente estabelecida. Para verificar se o estado nutricional afeta a P.E., avaliamos 218 crianças de Ilhabela: 103 do sexo masculino de 10-13 anos de idade (X: 11.5) e 115 do feminino de 10-14 anos (X : 11.7). Foram realizadas as medidas de peso, altura, adiposidade, força de membros superiores e P.E., determinada no teste submáximo na bicicleta ergométrica, usando a Escala de Borg. Para a classificaçao nutricional foi usado o índice descrito por FRISANCHO (87), que avalia a área muscular do braço relacionado à altura do indivíduo. Analisando os dados através do teste "t"de hipótese para amostras independentes com um p < .05, encontramos um efeito negativo da DNT nas variáveis peso, altura (só para o sexo masculino), adiposidade e força de membros superiores. Nas crianças desnutridas de ambos os sexos houve maiores valores de P.E., absolutos e relativos; sendo que as diferenças variaram de 13,3 por cento para o sexo masculino a 21,5 por cento para o sexo feminino. Porém estas diferenças só foram estatisticamente significativas nos valores relativos da P.E. das crianças do sexo feminino, provavelmente por diferenças sócio-culturais na prática da atividade física. Indicando que, além dos efeitos da DNT sobre as variáveis antropométricas, neuromusculares e maturacionais existe possivelmente um efeito deletério nos aspectos sensoriais e perceptivos da criança.