Rev. bras. ciênc. mov; 7 (2), 1993
Publication year: 1993
Desde 1974 o Centro de Estudos do Laboratório de Aptidäo Física de Säo Caetano do Sul (CELAFISCS) vem tentando analisar a influência da atividade física no ser humano, com uma abordagem científica e adaptada às condiçöes do chamado Terceiro Mundo.
Com este propósito desenvolvemos uma bateria de testes de aptidäo física que envolve variáveis:
a- antropométricas; b- metabólicas; c- neuromotoras; d- maturacionais e e- psicossociais. Essas medidas foram aplicadas em mais de 15.000 pessoas, em estudos longitudinais e transversais, e neste artigo resumiremos os principais achados. Foram desenvolvidos critérios, padröes de referência baseados em uma amostra de 5.200 meninos e meninas de 7 a 18 anos de idade, que realizavam de 2-3 aulas de educaçäo física por semana na rede pública de ensino de Säo Caetano do Sul. Foram classificados no primeiro nível de atividade física. O segundo nível consistiu em crianças envolvidas em programas esportivos; o terceiro compreende adolescentes envolvidos em competiçäo. O quarto, quinto e sexto níveis correspondem aos atletas municipais, estaduais e nacionais, respectivamente. Tentando determinar a magnitude da variaçäo nos nossos parâmetros e aptidäo física, comparamos nossos achados a dados de: a- outras regiöes brasileiras; em níveis sócio-econômicos semelhantes ou diferentes (Diadema, Itaquera, Santa Bárbara do Oeste, Rio de Janeiro e Ilhabela); b- outros países latino-americanos (Argentina, Chile, Colômbia); c- países norte-americanos (Canadá, USA) e d- países europeus (Bélgica e Checoslováquia). Foram feitas comparaçöes das médias dos valores absolutos e valores relativos (valores absolutos corrigidos pela altura e peso corporal (IMC). Dessas comparaçöes podemos concluir que:
a- no mesmo estrato sócio-econômico näo aconteceram grandes diferenças nas características da aptidäo física, quando elas existiram: a- herança e as atividades esportivas foram os fatores que mais influenciaram: b- condiçöes sociais pobres especialmente desnutriçäo, parecem ter forte impacto nas curvas maturacionais antropométricas (altura) e funcionais (desviadas para direita); c- as desvantagens apresentadas nos perfis metabólicos e neuromotores nos grupos de desnutridos desaparecem quando corrigimos os valores absolutos pelo peso e altura corporais; d- os perfis das curvas de maturaçäo foram quase os mesmos, em diferentes regiöes no mesmo país, em diferentes países em condiçöes sócio-econômicas semelhantes ou diferentes; e- crianças desnutridas pareceram maturar mais tardiamente e perceber uma carga de esforço de forma mais intensa que as bem nutridas.