Com base nos estudos brasileiros, é sabido que as pacientes com câncer de mama que buscam assistência médica geralmente apresentam tumores avançados, já na primeira consulta. Neste estudo buscou-se, através de uma análise retrospectiva, o conhecimento real desta taxa e os fatores que pudessem estar associados com tais resultados, fornecendo subsídios para pesquisas clínicas que possam ser conduzidas posteriormente. Foram revisados 764 casos de câncer de mama, diagnosticados entre 1986 e 1990. O maior número de casos ocorreu entre mulheres de 41 a 60 anos (52 por cento). Observou-se que 44 por cento das pacientes eram moradoras no interior do estado, e distante a mais de 101 km da capital (69 por cento). Cerca de 76 por cento dos casos tinham as atividades do lar como profissao. Quanto ao estadiamento clínico, 32 por cento e 68 por cento apresentaram-se com doença inicial (Ec I e II) e com doença avançada (Ec III e IV), respectivamente. Devido ao estádio avançado, 269 pacientes foram submetidas inicialmente a tratamento multidisciplinar incluindo cirurgia, quimioterapia e radioterapia. Após a análise histopatológica, observou-se que 35 por cento dos casos tinham mais de dez linfonodos comprometidos. Nao houve diferença significativa na relaçao entre idade e a apresentaçao do tumor. A raça branca prevaleceu sobre os dois grupos, mas sem diferença significativa. Observou-se que as pacientes que se apresentaram com tumores mais avançados residem em locais distantes (P < O,03), ou seja, mais de 101 km, sendo este fato inversamente proporcional nos tumores iniciais. Esses dados mostram que a distância é um importante fator para apresentaçao do câncer de mama avançado no Hospital Araújo Jorge.