Rev. bras. ginecol. obstet; 23 (8), 2001
Publication year: 2001
Objetivo:
relacionar a presença de vaginose bacteriana em gestantes com a ocorrência de parto prematuro espontâneo. Método:
foram estudadas 611 gestantes do serviço pré-natal da Clínica Obstétrica do HCFMUSP. Foram incluídas gestantes com idade gestacional confirmada por ultra-sonografia no primeiro trimestre de gestaçäo ou duas ultra-sonografias até a 20ª semana quando havia discordância da idade gestacional no primeiro exame. Os partos prematuros eletivos foram excluídos. A pesquisa da vaginose foi realizada na 23ª ou 24ª semana de gestaçäo por meio da técnica de coloraçäo de Gram. O pH vaginal foi pesquisado utilizando-se fita de pH Universal 0-14 produzida pela Merck. O conteúdo vaginal foi coletado com a paciente em posiçäo ginecológica, utilizando-se espéculo näo-lubrificado. O pH foi medido na parede lateral da vagina e o conteúdo para Gram foi coletado do fundo de saco vaginal utilizando-se de cotonete estéril. Resultado:
das 611 gestantes envolvidas inicialmente no estudo, foram obtidos os resultados do parto em 541. A vaginose bacteriana foi diagnosticada por bacterioscopia em 19 por cento dos casos. No grupo de gestantes com vaginose, 9,7 por cento (10/103) evoluíram com parto prematuro, contra apenas 3,2 por cento (14/438) no grupo negativo (p=0,008). A sensibilidade da bacterioscopia positiva para vaginose bacteriana para prediçäo do parto prematuro foi de 41,7 por cento, a especificidade de 82 por cento, a acurácia de 80,2 por cento, com taxa de falso-positivos de 18 por cento e risco relativo de 1,8. Conclusäo:
a vaginose bacteriana diagnosticada pelo Gram do conteúdo vaginal representa fator de risco para o parto prematuro, com risco relativo de 1,8.