Violência física doméstica e gestaçäo: resultados de um inquérito no puerpério
Domestic physical violence and pregnancy: results of a survey in the postpartum period

Rev. bras. ginecol. obstet; 25 (5), 2003
Publication year: 2003

OBJETIVOS:

determinar a prevalência de violência física doméstica sofrida por mulheres que tiveram o parto assistido em uma maternidade terciária do Nordeste do Brasil, estudar os principais fatores de risco associados e determinar os resultados perinatais.

MÉTODOS:

realizou-se estudo descritivo, tipo corte transversal, incluindo 420 mulheres que tiveram o parto assistido em maternidade terciária no Recife (Brasil), com fetos pesando mais que 500 gramas. Todas estas foram submetidas a entrevistas com questöes abertas e fechadas. Determinou-se a prevalência de violência física doméstica. Realizou-se análise estatística usando os testes c² de associaçäo e exato de Fisher, considerando-se o nível de significância de 5 por cento. A razäo de prevalência foi determinada como medida do risco relativo de violência. Realizou-se análise de regressäo logística para cálculo do risco ajustado de violência física.

RESULTADOS:

a prevalência de violência física doméstica foi de 13,1 por cento (IC 95 por cento = 10,1-16,6) e 7,4 por cento (IC 95 por cento = 5,2-10,2) antes e durante a gestaçäo, respectivamente. O padräo de violência alterou-se durante a gravidez, tendo cessado em 43,6 por cento, diminuído em 27,3 por cento e aumentado em 11 por cento dos casos. Depois da análise multivariada, as variáveis que persistiram fortemente associadas com violência foram baixa escolaridade e história familiar de violência da mulher, consumo de álcool e desemprego do parceiro. Entre os resultados perinatais, encontrou-se elevada freqüência de morte neonatal entre as vítimas de violência.

CONCLUSÖES:

encontrou-se elevada prevalência de violência física doméstica (cerca de 13 por cento) entre as mulheres que tiveram o parto assistido em maternidade terciária do Nordeste do Brasil. Os principais fatores de risco associados foram baixa escolaridade e história de violência na família da mulher, consumo de álcool e desemprego dos parceiros. A mortalidade neonatal foi elevada entre as vítimas de violência

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