A importância das provas de funçäo hepática (PFH) anormais durante a nutriçäo parenteral prolongada (NPP) foi avaliada numa série consecutiva de 69 casos tratados durante mais de 4 semanas. As PFH estudadas, que foram medidas semanalmente nestes pacientes, foram: a fosfatase alcalina (FA), gama-glutamil transpeptidase (G-GTP), 5-nucleotidase (5-NT), transamine glutâmico-oxalacética (TGO), transaminase glutâmico-pirúvica (TGP), desidrogenase lática (DHL) e a bilirrubina total (BT). A populaçäo foi repartida entre casos sem sepsis, insuficiências orgânicas ou disfunçäo hepática prévia (Grupo 1a), e enfermos com qualquer destas condiçöes (Grupo 1b). No Grupo 1a todas as PFH tenderam a se elevar durante as primeiras 2 semanas de NPP, após o que permaneceram elevadas por todo o período de observaçäo. A exceçäo correspondeu à BT que näo sofreu nenhuma modificaçäo, mostrando-se constantemente dentro da faixa da normalidade. Pacientes infectados ou com outras complicaçöes (Grupo 1b) apresentavam inicialmente concentraçöes mais elevadas para a maioria das PFH. A FA, G-GTP e 5-NT aumentaram nas primeiras 2-3 semanas após o que se estabilizaram num nível elevado. A TGO, TGP e DHL reduziram-se inicialmente até atingir um plateau elevado num prazo de 3-4 semanas. A BT näo se modificou apreciavelmente no Grupo 1b, mantendo-se continuamente numa faixa alterada. Conclui-se que em pacientes sem complicaçöes hepáticas ou sépticas prévias, a NPP induz uma elevaçäo inicial com subseqüente estabilizaçäo para todas as enzimas determinadas, excetuando-se a bilirrubina, que näo é afetada. Já em pacientes gravemente enfermos com fatores predisponentes outros para disfunçäo hepática, a NPP poderá estar associada a qualquer padräo inicial de comportamento das enzimas, tanto aumento como diminuiçäo. É importante notar, porém, que após algumas semanas as enzimas tendem a seguir um curso que se mostra paralelo ao observado nas populaçöes previamente normais