Rev. bras. oftalmol; 75 (3), 2016
Publication year: 2016
RESUMO Objetivo:
Avaliar os traumas oculares graves atendidos em um hospital universitário e que demandaram internação. Métodos:
Estudo retrospectivo envolvendo 303 portadores de trauma ocular grave atendidos no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP, entre Janeiro de 1998 até Dezembro de 2008 e que necessitaram internação. Foram avaliadas as variáveis demográficas, as causas dos acidentes, os fatores envolvidos, a acuidade visual inicial e final, assim como os procedimentos realizados. Os dados foram submetidos à análise estatística. Resultados:
No período ocorreram 307 traumas oculares graves que foram internados e operados, com maior frequência entre 26 e 40 anos de idade (26%) e do sexo masculino (82%). A maioria dos casos entre os adultos decorreu de acidentes de trabalho ou de trânsito e em crianças, em ambiente de lazer ou doméstico. A córnea foi o local mais afetado (75%) e a zona I foi a mais atingida (82%). O trauma perfurante foi o mais frequente e o agente causal principal foi o vidro (18%), acometendo principalmente os lavradores (41%). A grande maioria dos portadores de trauma ocular atendidos não usava equipamentos de segurança. Após a cirurgia, a AV se manteve abaixo de 0,1 em 48% dos acometidos. O tempo entre o trauma e o tratamento influenciou o prognóstico visual. Conclusão:
O trauma ocular grave permanece como uma importante causa de morbidade e cegueira monocular prevenível. O tratamento cirúrgico bem conduzido pode minimizar o prejuízo para a função visual, devendo ser reforçada a necessidade de medidas de prevenção.
ABSTRACT Purpose:
To evaluate serious eye trauma requiring admission for treatment at a university hospital. Methods:
This was a retrospective study involving 303 patients with severe ocular trauma who required hospitalization at the Hospital of the Faculty of Medicine of Botucatu - Unesp, from January 1998 to December 2008. Demographic data were evaluated and also the causes of accidents, factors involved, initial and final visual acuity (VA) as well as the procedures performed. Data were statistically analyzed. Results:
Three hundred and seven severe eye traumas were admitted for surgery, most commonly affecting subjects between the ages of 26 and 40 (26%) who were male (82%). The trauma affecting adults occurred due to work or traffic accidents and in children, during leisure time or in the domestic environment. The cornea (75%) and area I (82%) was the most affected place. A penetrating trauma was most frequent, and the main causal agent was glass (18%), mainly affecting farmers (41%). The majority of the affected patients were not wearing protective equipment at the time of the ocular trauma. After surgery, the AV remained below 0.1 in 48% of affected individuals. The time between trauma and treatment influenced the visual prognosis. Conclusion:
Severe eye trauma remains an important cause of morbidity and preventable monocular blindness. Although the severity of the ocular traumas, surgical treatment that is well conducted can minimize the damage to visual function and should reinforce the need for preventive measures.