Hipertensão arterial: um problema de saúde pública: [Editorial]
Hypertension: a public health problem: [Editorial]
Rev. bras. promoç. saúde (Impr.); 24 (4), 2011
Publication year: 2011
A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é considerada um dos grandes problemas para a saúde pública no Brasil, agravada por sua prevalência e detecção quase sempre tardia, além de constituir um dos principais fatores de risco para as doenças cardiovasculares e cerebrovasculares. A HAS, considerada ?assassina silenciosa?, é o maior problema social dos países desenvolvidos e em muitos dos emergentes. Mesmo sendo conhecida a eficácia e efetividade de várias das medidas preventivas e de controle disponíveis, sejam ou não farmacológicas, a HAS continuará, por décadas, representando um dos maiores desafios em saúde e um dos maiores ônus para a pessoa hipertensa e para a sociedade. Se o controle de casos existentes, assim como o controle e prevenção dos fatores de risco desta doença não forem implementadas, esta problemática irá afetar grande proporção da população em nosso país, a qual, em 2020, terá um aumento significativo de pessoas com mais de 60 anos. A HAS é uma síndrome multifatorial, multicausal e multisistêmica. Seu aparecimento está relacionado ao estilo de vida inadequado, considerando também os fatores constitucionais, como: sexo, idade, raça/cor e história familiar; e os ambientais, como: sedentarismo, estresse, tabagismo, alcoolismo, alimentação insalubre e obesidade. Mediante ao seu curso silencioso (assintomatologia), a pessoa poderá ser surpreendida por suas complicações, sendo necessário aprender a conviver com a cronicidade no seu cotidiano. Entretanto, este tipo de agravo é influenciado por vários determinantes, incluindo características da personalidade, mecanismos de enfrentamento utilizados, autoconceito e autoimagem, experiência com este agravo e atitudes dos cuidadores da área de saúde. Uma das dificuldades encontradas no atendimento às pessoas hipertensas é a falta de adesão ao tratamento, pois 50% dos hipertensos conhecidos não fazem nenhum tratamento e dentre aqueles que o fazem, poucos têm a pressão arterial controlada. Entre 30 e 50% dos hipertensos interrompem o tratamento no primeiro ano; e 75%, depois de cinco anos(1). A problemática da adesão ao tratamento é complexa.
Vários fatores exercem influência neste processo:
características biológicas (sexo, idade, raça/cor e história familiar) e socioculturais (estado civil, escolaridade, renda, profissão/ocupação, naturalidade, procedência e religião), e experiência da pessoa hipertensa com a HAS e o tratamento; relação equipe de saúde-pessoa hipertensa; participação familiar; e acesso ao sistema de saúde veiculado pelas politicas públicas de saúde vigentes(2). A não adesão do usuário ao tratamento constitui grande desafio para implementação de políticas que visam atingir esse grupo populacional, possivelmente sendo responsável pelo aumento dos custos sociais com absenteísmo ao trabalho, licenças para tratamento de saúde, e aposentadorias por invalidez. De outro lado, a adesão do usuário significa minimizar estes custos, e possibilitar a integração ou reintegração desse à sociedade, além de reduzir a taxa de morbimortalidade por doenças cardiovasculares e cerebrovasculares associadas à HAS. 286 Rev Bras Promoç Saúde, Fortaleza, 24(4): 285-286, out./dez., 2011 A população, principalmente a mais vulnerável à HAS, necessita ampliar o conhecimento sobre os fatores de risco da HAS, para aderir às condutas de controle e tratamento. A intermediação neste processo deve ser feita predominantemente pela educação em saúde, por sua capacidade de transformar indivíduos, tornandos mais autônomos para tomar as suas decisões sobre o próprio corpo, com base nos conhecimentos cada vez mais aprimorados sobre sua saúde, tendo a opção de adotar ou não, hábitos e atitudes saudáveis. Educação é ação primordial da atenção básica, pois possibilita a promoção da saúde. Sendo assim, pode-se admitir que o acompanhamento da pessoa hipertensa, em parceria com a família, implementado com ações educativas, possibilitará a adesão desta às condutas terapêuticas de controle da HAS e demais condutas, com vista à promoção da saúde de si e da família. A ideia de promoção da saúde traduz-se em expressões próprias à realidade atual, como políticas saudáveis, colaboração intersetorial, desenvolvimento sustentável. Se a perspectiva que relaciona saúde e condições de vida é trazida à tona, múltiplos elementos, tais como físicos, psicológicos e sociais irão emergir como vinculados a uma vida sudável. No entanto, importância deve ser dada a participação coletiva quanto das habilidades populacionais. Enfim, a problemática da HAS imprescinde de resoluções através da prevenção e/ou controle dos fatores de risco desde a infância, e da adesão às condutas terapêuticas de controle nos casos diagnosticados em todos os campos de atividade humana ? domicílio, trabalho e nos demais ambientes sociais.
Hypertension is considered an important public health problem in Brazil, which is aggravated by its high prevalence and late detection. In addition, it is one of the major risk factor for cardiovascular and cerebrovascular diseases. Hypertension, considered a ?silent murder?, is the largest social problem in developed countries and in a large number of developing countries. Despite of knownefficacy and affectivity of various preventive and control measures, including the pharmacological ones, hypertension will continue, for decades, representing one of the largest health challenges and high cost disease for individuals and society. If control of existed cases, as well as control and prevention of risks factors for this disease are not implemented, this problematic will affect a large proportion of the population in our country, which, in 2020, will have had increase significantly over 60 years of age.Hypertension is a multifactor, multisystem syndrome. It can be cause by multiple causes, being related to inadequate life style, constitutional factors, such as: sex, age, race/color and family history; as well as environmental issues, such as: sedentary lifestyle, stress, smoking, alcoholism, inadequate diet and obesity. Due to its silent course, a person can be surprised by its complications, being necessary learn to live with its chronic nature on an every day basis. Nevertheless, this type of problem is influenced by a series of determinants, including personality characteristics, forms to face the disease, self-concept, self-image, experience with the disease and health care professionals attitudes. One of the difficulties found in the treatment of persons with hypertension is the lack of adhesion to the treatment, as 50% of the known patients with hypertension don?t treat themselves, and among those who do, few have controlled blood pressure. Between 30 and 50% of persons with hypertension stop treatment within the first year of treatment, and 75% after five years(1). The problem related to treatment adhesion is complex.