Episódio depressivo maior, prevalência e impacto sobre qualidade de vida, sono e cogniçäo em octogenários
The prevalence of major depression and its impact in the quality of life, sleep patterns and cognitive function in a octogenarian population

Braz. J. Psychiatry (São Paulo, 1999, Impr.); 23 (2), 2001
Publication year: 2001

Objetivos:

Determinar a prevalência de depressäo maior em uma populaçäo de sujeitos acima de 80 anos residentes na comunidade, comparar os padrões de sono e a funçäo cognitiva entre controles normais e sujeitos com depressäo maior e estimar a frequência de outros transtornos psiquiátricos entre controles e sujeitos deprimidos.

Métodos:

De uma populaçäo de 219 habitantes com mais de 80 anos, residentes em um município semi-rural no sul do Brasil (município de Veranópolis, RS), selecionou-se uma amostra randômica e representativa de 77 sujeitos (35 por cento). Desse grupo, 5 sujeitos que apresentavam critérios de DSM-IV para depressäo maior foram comparados com 50 controles sem diagnóstico de demência, delirium ou qualquer transtorno do humor. Os padrões de sono foram avaliados pelo Índice de Pittsburg de Qualidade do Sono e por um diário do ciclo sono/vigília completado ao longo de duas semanas. Para a avaliaçäo cognitiva, foram usados 5 testes neuropsicológicos: teste de lembranças seletivas de Buschke-Fuld; teste lista de palavras da bateria do CERAD; teste de fluência verbal; e 2 subtestes da bateria de memória de Wechsler.

Resultados:

A prevalência de depressäo maior foi de 7,5 por cento. Sujeitos com esse diagnóstico, quando comparados a sujeitos do grupo controle, apresentavam mais frequentemente comorbidade com transtorno de ansiedade generalizada, usavam mais benzodiazepínicos e tinham uma pior qualidade de vida pela escala "Short-form 36". Os idosos deprimidos, quando comparados aos controles, tinham os mesmos padrões de sono e apresentavam o mesmo desempenho nos testes neuropsicológicos.

Conclusäo:

Os resultados corroboram o conceito de que episódios depressivos säo frequentes entre idosos com mais de 80 anos, causando impacto sobre a qualidade de vida associada à saúde e cursando comorbidade frequente com transtorno de ansiedade generalizada. Entre os idosos octogenários residentes na comunidade, a depressäo maior näo aparecia clinicamente sob a forma de "pseudodemência" depressiva e nem tinha impacto sobre os padrões do sono

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