Estudo clínico randômico e duplo-cego com metotrexato em lúpus eritematoso sistêmico
Randomized double-blind clinical study with methotrexate in systemic lupus erythematosus
Rev. bras. reumatol; 39 (4), 1999
Publication year: 1999
Embora existam muitos estudos mostrando bons resultados com o uso do metotrexato (MTX) no tratamento da artrite reumatóide (AR), não há na literatura nenhum ensaio clínico prospectivo, randômico e controlado utilizando o MTX para tratar LES. O objetivo primário do estudo foi avaliar a capacidade do MTX em controlar atividade leve a moderada do LES. Os objetivos secundários foram avaliar a capacidade do MTX em reduzir a necessidade do corticosteróide, assim como os efeitos adversos do MTX. O estudo foi prospectivo, randômico, controlado e duplo-cego. Participaram do estudo 41 pacientes com LES, com tempo médio de doença de 82,5 meses. Vinte pacientes receberam MTX (15mg a 20mg/semana) (grupo MTX) e 21 receberam placebo (grupo PL). A dose de prednisona foi mantida, aumentada ou reduzida após o primeiro mês, de acordo com avaliação clínica e laboratorial. A dose da prednisona, escores do SLEDAI, escore da escala visual analógica para dor articular e testes laboratoriais foram anotados mensalmente. Ambos os grupos eram homogêneos e comparáveis no início do estudo quanto às manifestações clínicas e laboratoriais. Duas pacientes do grupo PL saíram do estudo por apresentar grave atividade da doença, e duas do grupo MTX foram retiradas do estudo devido a efeitos adversos (uma paciente com tuberculose pulmonar e outra com urticária e dispepsia intensa). Trinta e sete pacientes (18 MTX e 19 PL) terminaram os seis meses de estudo. Ao final do estudo, observou-se que 16 pacientes do grupo PL e somente um do grupo MTX apresentaram manifestações articulares (p<0,001). Os valores da escala analógica visual para dor articular foram significantemente maiores no grupo PL do que no grupo MTX a partir do primeiro mês de estudo. Dezesseis pacientes do grupo PL e somente um do grupo MTX apresentaram lesões cutâneas após seis meses de tratamento (p<0,001). Ao término do estudo quatro pacientes do grupo MTX e 11 do grupo PL apresentaram hipocomplementemia (p<0,001). Quando comparados os pacientes do grupo MTX e PL durante o estudo, os escores médios do SLEDAI no grupo PL foram significantemente maiores do que no grupo MTX nos meses 3, 4, 5 e 6. Ao longo do estudo foi possível reduzir a dose da prednisona em 13 pacientes do grupo MTX e somente em um paciente do grupo PL (p<0,001). Quatorze pacientes do grupo MTX (70 por cento) apresentaram efeitos adversos, principalmente síndrome dispéptica...