Rev. bras. reumatol; 41 (3), 2001
Publication year: 2001
Objetivo:
Relatar o perfil epidemiológico, clínico e laboratorial da doença de Lyme-símile em Mato Grosso do Sul. Pacientes e métodos:
Dezesseis pacientes preencheram o critério do Centro de Referência para Doença de Lyme no Brasil. Avaliaram-se dados epidemiológicos e manifestações clínicas; a reatividade sorológica e liquórica, pelas técnicas de ELISA e Western blot (WB), utilizando como substratos: Borrelia burgdorferi sensu strictu, B.garinii e B. afzelii; e a amplificação do DNA no soro e líquor pela técnica da reação em cadeia de polimerase (PCR). Resultados:
Quinze pacientes moravam na zona urbana, 25 por cento foram picados por carrapatos e 18,7 por cento tiveram contato direto: entre a picada e o início dos sintomas o intervalo foi de 15 dias a dois meses. O eritema migratório crônico ocorreu em oito (50 por cento) pacientes e destes, cinco desenvolveram eritemas anulares secundários; 31,2 por cento dos pacientes apresentaram lesões com características incomuns, inclusive com aspecto esclerodérmico. Cinco pacientes (31,2 por cento) apresentaram mialgia, quatro (25 por cento), artralgia e, outros quatro (25 por cento), artrite. Seis (37,5 por cento) apresentaram comprometimento neurológico; pleocitose linfocítica foi a única alteração liquórica. As amostras negativas pelo ELISA foram positivas ao WB e aquelas positivas pelo primeiro método confirmaram-se pelo segundo. Comparativamente, WB foi o melhor método para o diagnóstico da doença (p = 0,0352). Não ocorreu a amplificação do DNA pelo PCR. Conclusão:
A doença de Lyme no Brasil apresenta características epidemiológicas, clínicas e laboratoriais distintas das presentes em demais continentes, sugerindo tratar-se de doença Lyme-símile (doença de Yoshinari), sendo o próximo grande desafio o isolamento e identificação do seu agente etiológico