A fibromialgia (FM) é definida a partir da presença de dor crônica e generalizada no aparelho locomotor. Porém, muitos estudos evidenciam a prevalência aumentada de comorbidades e sintomas localizados fora do sistema musculoesquelético.

Objetivo:

verificar a prevalência de tais comorbidades e sintomas numa amostra de pacientes brasileiras portadoras de fibromialgia, comparando-a com dados da literatura nacional e internacional.

Métodos:

foram avaliadas 39 pacientes que se apresentaram consecutivamente ao Ambulatório de Fibromialgia da DMR/HCFMUSP. Na anamnese dessas pacientes, foram utilizados questionários estruturados para investigar sistematicamente a presença de uma relação de 29 sintomas e todos os outros diagnósticos que as pacientes pudessem Ter recebido no passado.

Resultados:

a média de idade das pacientes foi de 47 anos; o tempo mediano de dor, 10 anos, apesar de 53,8 por cento delas queixarem-se de dor desde a adolescência. A topografia de início das dores foi junto à coluna vertebral em 49 por cento dos casos e, na maioria das vezes (39 por cento), o quadro não apresentou fatores desencadeantes. Os sintomas mais comuns nessas pacientes, além da dor generalizada, foram distúrbios do sono (79,5 por cento), ansiedade (79,5 por cento), fadiga (71,8 por cento), parestesia em mãos e pés (69,2 por cento) e dificuldade de concentração (69,2 por cento), seguidos de cefaléias, dispepsia, fraqueza e obstipação intestinal (51,3 por cento). A média de comorbidades ativas ou diagnósticos associados foi de 4,05 por paciente.

Conclusões:

A presença de sintomas localizados fora do aparelho locomotor com alta freqüência dá suporte às hipóteses fisiopatológicas da FM. Segundo essas, um desequilíbrio da modulação da dor seria responsável pelas queixas de dor em diversas partes do corpo. Sugerimos cautela na avaliação das múltiplas queixas apresentadas por essas pacientes a fim de poupá-las de procedimentos diagnósticos que podem ser mais agressivos.