Rev. bras. reumatol; 42 (2), 2002
Publication year: 2002
Objetivo:
avaliar a dor, o nível de estresse e a incidência de eventos estressantes em pacientes com fibromialgia. Métodos:
participaram do estudo 63 indivíduos do sexo feminino, sendo 32 do grupo teste (pacientes com fibromialgia) e 31 do grupo controle (indivíduos sem fibromialgia). O limiar de dor foi avaliado nos 18 tender points com auxílio de um algômetro. Também foi utilizado o Questionário de dor da McGill. Para a avaliação do estresse foram aplicados dois protocolos:
Lista de Sintomas de Estresse e Inventário de Eventos de Vida Estressantes. Os sujeitos foram avaliados individualmente em uma única entrevista. Foi utilizado o teste de Kruskal-Wallis para avaliar a significância dos dados. Resultados:
houve diferença estatisticamente significante entre os grupos quanto à dor. A avaliação da dor pelo Questionário de dor da McGill demonstrou que o grupo controle (GC) selecionou somente descritores (palavras que qualificam a dor) das categorias sensorial e afetiva, sendo os de maior escore latejante (45,2%) e pontada (45,2%), ambos da categoria sensorial. No grupo teste (GT) a freqüência das palavras selecionadas foi maior e foram escolhidos descritores em todas as categorias (sensorial, afetiva, avaliativa e mista). O escore mais alto do GT (81,3%) foi da palavra cansativa (categoria afetiva). A soma dos valores associados aos descritores escolhidos em cada categoria do Questionário de dor da McGill demonstrou que os grupos teste e controle diferiram nas categorias sensorial, afetiva, avaliativa e mista. Em relação à sensibilidade dolorosa nos tender points também houve diferença estatisticamente significante, sendo que o GT apresentou limiar de dor mais baixo que o GC. As pacientes com fibromialgia apresentaram maior nível de estresse do que o grupo controle, porém, o número de eventos de vida estressantes não diferiu de forma significativa entre os dois grupos. Conclusões:
as pacientes com fibromialgia apresentaram maior número de descritores escolhidos em todas as categorias do Questionário de dor da McGill e limiar de dor mais baixo em todos os tender points. Observou-se que, apesar das pacientes com fibromialgia apresentarem maior nível de estresse, o número de eventos de vida estressantes não está significativamente aumentado, sugerindo que o problema seja a forma como esta paciente lida com o estresse e não a intensidade dos eventos que ela vivência.